Por Ruben Amorim
Será a criatividade pertinente para a Educação Social e para o/a Educador/a Social?

Recorrentemente,
gestores de grandes empresas afirmam que a criatividade é mesmo o maior ativo
(recurso intangível) que se pode possuir e que se traduz numa enorme vantagem
competitiva para as empresas. Tal como afirma Daymon (2000), “Creativity is almost universally regarded by
both practitioners and scholars as an essential ingredient in the success of
organizations”.
Será a criatividade
pertinente para a Educação Social e para o/a Educador/a
Social?
Comecemos, então, por se
definir a criatividade:
Webster’s College Dictionary (1991) define a criatividade
como:
“The state or quality of being creative. The ability to create
meaningful new forms, interpretations, etc.: originality. The process by which one utilizes
creative ability”
(p.
319).
Vulgarmente associamos
criatividade à originalidade e à novidade. Ser-se criativo/a implica a criação
de novas abordagens e, frequentemente, fazer diferente do habitual.
Kao (1991) sugere que a
criatividade pode ser definida por:
“(I)t is a human process
leading to a result which is novel (new), useful (solves an existing problem or
satisfies an existing need), and understandable (can be reproduced)”
(p.
14).
Este autor inclui o
conceito de resolução de problemas perante uma dada necessidade. O processo
criativo desenvolve-se, habitualmente, quando nos deparamos com algum desafio
(problema) que necessita de ser
colmatado.
Sternberg e Lubart (1999)
definem a criatividade como:
“the ability to produce
work that is both novel (original, unexpected) and appropriate (useful, adaptive
concerning task constraints)”.
Esta última definição
incorpora a adaptação e a utilidade da criatividade para o nosso quotidiano.
Assim, o processo criativo aumenta a sua pertinência quando, perante um dado
problema, criamos soluções adequadas e
exequíveis.
Sternberg e Lubart incluem,
ainda, elementos geralmente associados com a criatividade: o desenvolvimento do
pensamento divergente (gerar várias ideias únicas) seguido do
pensamento convergente (combinação dessas ideias de modo a alcançar o
melhor resultado).
Ainda, segundo Atherton
(2010), o pensamento divergente é frequentemente associado com as artes e as
humanidades e verificado (testado) pelos testes de criatividade, enquanto o
pensamento convergente (resolução dos problemas) é habitualmente verificado em
testes de inteligência e associado com as áreas da ciência e
tecnologia.
Como conceito, a
criatividade pode ser definida de duas formas:
1)
como um resultado (outcome) e um processo (process). O resultado criativo é novo e
(in)convencional, partindo daquilo que é usualmente aceite.
2)
Perspetivar a criatividade como um processo é a sequência
das atividades por meio do qual se desenvolve a novidade (Daymon,
2000).
De acordo com o mesmo
autor, a criatividade é caraterizada por três conceitos chave:
·
(in)
convencionalidade
·
Autonomia
·
Risco.
O que não é
convencional traduz-se em novidades, assim como no trabalho do Educador
Social se pretende que se arranjem soluções para problemas muito específicos. É
fundamental personalizar cada intervenção, pois cada caso é um caso e merece
diferentes intervenções.
Para se desenvolver o
processo criativo deve existir uma grande autonomia por parte dos
criativos/as. Quanto maior for a autonomia, maior poderá ser a probabilidade de
se desenvolverem soluções criativas para dados
problemas.
A criatividade envolve,
frequentemente, alguns riscos. Contudo, é nesta dicotomia entre o
conforto e o risco que nasce a criatividade, isto é, as soluções mais criativas
e diferenciadas para os problemas
existentes.
Os/as TSES, perante as
problemáticas sociais e seus desafios profissionais devem aplicar um pensamento
divergente, isto é, diagnosticar de modo eficaz os problemas reais e,
posteriormente enveredar no pensamento convergente para conseguir resolver os
mesmos com o maior êxito possível. Com efeito, terão de recorrer a um processo
de criatividade.
É com este recurso
inesgotável e inestimável que a Educação Social no nosso país pode
desenvolver-se e promover-se, sobretudo pela criatividade se pautar pela
novidade e resolução de problemas. Sendo criativos/as estamos a criar
oportunidades enquanto profissionais, bem como a conduzir a nossa intervenção a
uma melhoria significativa de
qualidade.
Abusem
da criatividade
=)
Papers
consultados:
·
Daymon, C., (2001), "Cultivating creativity in public relations
consultancies: The management and organisation of creative work", Journal of
Communication Management, Vol. 5 Iss: 1 pp. 17 –
30.
·
Herbig, P. e Jacobs, L., (1996), "Creative problem-solving styles in
the USA and Japan", International Marketing Review, Vol. 13 Iss: 2 pp. 63 –
71.
·
Schmidt, J., Soper, J. e Facca, T., (2012), “CREATIVITY IN THE
ENTREPRENEURSHIP CLASSROOM”, Journal of Entrepreneurship Education, Vol. 15, pp. 123 –
131.
·
Sousa, C., Coelho, F., (2011), "From personal values to creativity:
evidence from frontline service employees", European Journal of Marketing, Vol.
45 Iss: 7 pp. 1029 – 1050.
Publicada por
Rubén Amorim em
Quinta-feira, Novembro 29, 2012