Bullying no Trabalho | Oportunidade de intervenção do/a Educador/a Social?
…
os sinais do bullying (no trabalho) incluem o declínio moral, diminuição dos
lucros, diminuição da produtividade, baixa intensidade de trabalho, diminuição
do compromisso profissional, baixa satisfação com o trabalho e motivação…
principal razão para a diminuição dos lucros.
(Sheehan,
1999)

Existe
a perspetiva da criação de oportunidades de trabalho, quase numa linha de
“intraempreendedorismo”.
Não
será esta área, bullying no local de trabalho, uma oportunidade para
os/as Técnicos/as Superiores de Educação Social?
Não
necessitarão as organizações de profissionais na área social ou de serviços
neste âmbito?
Deixo
a análise de um artigo científico cuja referência bibliográfica
é:
Harvey, M. et col. (2009), Bullying in the 21st Century Global
Organizations: An Ethical Perspective, Journal of Business Ethics, Vol. 40,
pp. 27-40.
O
bullying (no trabalho) traduz-se por atos e práticas repetidas que são dirigidas
a um ou mais trabalhadores, indesejadas pela vítima, podendo ser consciente ou
inconsciente, mas que causa humilhação, ofensa e stress e pode interferir com a
produtividade e rendimento no trabalho e contribuir para um ambiente de trabalho
indesejado.
(Einarsen,
1999)
Esta
problemática assume uma extrema gravidade. As consequências podem afetar em
larga escala o individuo, bem como a própria empresa.
O
bullying pode manifestar-se no trabalho por meio de uma das cinco
categorias:
<!--[if !supportLists]-->1)
<!--[endif]-->Chamada
de nomes, em público, por parte do bully (Andersson e Pearson, 1999);
Averill, 1983);
<!--[if !supportLists]-->2)
<!--[endif]-->Usar
como bode expiatório, alguns colaboradores ou grupos, estigmatizando o seu
trabalho na organização (Mikula et al., 1990; Robinson e Bennett,
1997);
<!--[if !supportLists]-->3)
<!--[endif]-->Aumentar,
desmesuradamente, a pressão no trabalho de um colaborador ou grupo de
colaboradores, colocando num nível acima de outros dentro da mesma organização
(Robinson e O’Leary-Kelly,
1996; Youngs,
1986);
<!--[if !supportLists]-->4)
<!--[endif]-->Perseguições
sexuais aos/às colegas por parte de indivíduos com maior poder dentro da
organização (Baron e
Neuman, 1996; Bies e Tripp, 1998; Tata, 1993; Terpstra e Baker,
1991);
<!--[if !supportLists]-->5)
<!--[endif]-->Estigmatização
do colaborador ou grupo através de abusos/danos físicos (Brodsky, 1976;
Einarsen, 1999).
Estes
cinco indícios constituem uma boa ferramenta para que se possa produzir um
simples diagnóstico de casos de bullying no
trabalho.
O
aumento destes casos, nas organizações, tem aumentado substancialmente e, com
efeito, existem algumas razões que contribuem para o desenvolvimento do
fenómeno:
<!--[if !supportLists]-->1.
<!--[endif]-->Aumento
da diversidade dos colaboradores dentro da organização (Lin, 1999), isto é,
maior número de colaboradores estrangeiros, provenientes de outras
culturas;
<!--[if !supportLists]-->2.
<!--[endif]-->A
remota natureza assíncrona do ambiente de atribuições estrangeiras, permitindo a
formação de culturas e subculturas dentro da empresa. Consequentemente, cria-se
uma “espiral do silêncio”, essencialmente em colaboradores estrangeiros, que se
tornam o alvo predileto dos bullies.
<!--[if !supportLists]-->3.
<!--[endif]-->A
variedade de ambientes jurídicos que proporcionam uma ambivalência nas respostas
entre indivíduos atacados.
Assim,
pode inferir-se que as multinacionais e empresas globais encaixam-se,
perfeitamente, nestas problemáticas, uma vez que acolhem colaboradores de várias
áreas. Sendo o/a Técnico/a Superior de Educação Social um/a dos/as profissionais
que pode promover o diálogo intercultural, faz todo o sentido produzir
intervenção neste âmbito.
Então,
mas as pessoas nascem com preponderância para serem bullies, ou,
contrariamente será o contexto/ambiente que potenciam tais
comportamentos?
A
perspetiva “nature” assume que existem fatores genéticos que se tornam
fundamentais, justificando tais comportamentos. Raine e col. (1994) afirmaram
que as causas naturais têm um papel fulcral, sendo que existe uma tendência para
defeitos genéticos e para a absorção de hormonas essenciais pelo
cérebro.
Esta
ligação entre fatores hereditários e a agressividade foi estudada e suportada em
estudos longitudinais realizados em vários países (e.x. Dinamarca, Holanda,
Suécia, Reino Unido, Austrália, Japão, Canadá e Estados
Unidos).
Sem
entrar em termos técnicos e descrições, passa-se a enumerar os três principais
fatores que influenciam, a nível biológico, uma propensão para o comportamento
agressivo:
<!--[if !supportLists]-->1.
<!--[endif]-->Questões
relacionadas com o cérebro;
<!--[if !supportLists]-->2.
<!--[endif]-->Mutação
de genes específicos;
<!--[if !supportLists]-->3.
<!--[endif]-->Excessivo
desenvolvimento do imunológico.
Por
outro lado, defende-se uma perspetiva de desenvolvimento do bullying, baseado em
fatores ambientais/adquiridos.
Nesta
visão, os fatores sociais assumem extrema importância, sobretudo dentro da
organização, isto é, o modo como vêm o bullying, as sansões aplicadas e a
supervisão das agressões (Keashly
et al., 1994; Tepper et al., 2001; Zellars et al., 2002).
Segundo Schein
(1999), existem alguns sinais que devem despertar atenção, relativamente à
cultura organizacional das empresas. Devem existir 1) procedimentos
estandardizados de operação, 2) normas comportamentais, 3) regras de conduta, 4)
valores, 5) …, 6) tabus, tanto simbólicos como reais, 7) heróis ou
personalidades chave que definem a natureza da organização e 8) um clima
frequente de civismo com a organização.
Releva-se,
ainda, para o facto de existirem quatro fatores, proeminentes, que
desencadeiam/estimulam os casos de bullying no trabalho:
<!--[if !supportLists]-->1.
<!--[endif]-->Deficiências
na estrutura/organização do trabalho;
<!--[if !supportLists]-->2.
<!--[endif]-->Falhas
no comportamento do líder;
<!--[if !supportLists]-->3.
<!--[endif]-->A
exposição da vida social da vítima;
<!--[if !supportLists]-->4.
<!--[endif]-->Má
reputação de um departamento (Einaresen,
1999; Leymann, 1993; Morrill, 1992).
Perante
estes fatores, Harvey e col., no seu estudo, apresentam algumas medidas para
fazer face a esta problemática no ambiente de trabalho. Passa-se a referir
algumas delas:
<!--[if !supportLists]-->1.
<!--[endif]-->Desenvolver
os procedimentos estandardizados de operação, demonstrando a irredutibilidade
perante os abusos e hostilidades na organização;
<!--[if !supportLists]-->2.
<!--[endif]-->Determinar
uma pessoa responsável para monitorizar, compilar e rever os procedimentos
estandardizados de operação;
<!--[if !supportLists]-->3.
<!--[endif]-->Estabelecer
um processo de revisão de queixas, sensível e
consistente;
<!--[if !supportLists]-->4.
<!--[endif]-->Formação
de uma comissão de permanente para dar seguimento às queixas, independentemente
de onde provêm;
5.
Determinar
sanções apropriadas para os casos que não estão incluídos nos procedimentos
estandardizados de operação.
O
bullying é uma prática cada vez mais recorrente e uma realidade
inequívoca da nossa sociedade. O espaço do trabalho é, por vezes, cenário deste
tipo de agressões.
Estes
mesmos agressores, os bullies, manifestam as suas ações de modos muito
simples, como a chamada de nomes, até modos mais complexos, como perseguições
físicas e sexuais.
Atualmente,
existem alguns fatores que aumentam, consideravelmente, a ocorrência de vários
casos de bullying. Um dos fatores preponderantes é a diversidade cultural
dentro das empresas, devido a fenómenos como a
globalização.
Existem
dois tipos de perspetivas que envolvem o bullying. Uma sob o ponto de vista
biológico (genético e hereditário), outra visando questões ambientes e sociais
(contexto).
Por
fim, existem medidas a adotar que podem diminuir a ocorrência de casos de
bullying no trabalho. Enquanto TSES, estou certo que o contributo do Educador
Social pode assumir uma grande importância, de modo a sensibilizar os
colaboradores e a assumir estratégias de combate ao
fenómeno.
Publicada por
Rubén Amorim em
Quarta-feira, Outubro 24, 2012
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