sexta-feira, 29 de março de 2013

O Técnico Superior de Educação Social na Intervenção em Contexto Escolar - Educação Especial


O Técnico Superior de Educação Social na Intervenção em Contexto Escolar

                                       Educação Especial

 

“A educação não cria o homem, ajuda-o a criar-se” (Debesse, 1999 citado em Mendes, 2007).

A intervenção social em contexto escolar, defronta-se com um contraste de realidades sociais e humanas, que muitas vezes contribui para o afastamento dos seus actores sociais.

Assim, importa, mediar as diferenças culturais, fomentando o respeito e o direito à diferença, procurando, um envolvimento efectivo capaz de promover o sucesso educativo e social dos alunos e seus familiares.

É importante trabalhar no sentido de estimular os alunos das suas capacidades/potencialidades, fomentando a sua autonomia profissional e social.

A educação é um processo conjunto, produzido através de práticas que intercedem directamente na transformação dos indivíduos.

Assim, para o desenvolvimento pleno do individuo é importante que a educação não se limite somente à aquisição de conceitos e conhecimentos, sendo fundamental incluir no processo educativo, as atitudes e valores, no sentido de preparar os alunos para futuros cidadãos responsáveis e solidários, trabalhando com eles a formação pessoal e social.

A educação social é assim uma área recheada de vivências que pode ajudar os alunos, muitas vezes em risco social.

A educação tem lugar na família, na escola, na sociedade, assim é importante educar para viver em comunidade, sendo muito importante a articulação entre a escola e a família.

È importante abrir a escola à comunidade, quebrar barreiras culturais e sociais, promovendo a participação de todos.

Os educadores podem intervir em contexto escolar, trabalhando várias questões atuais da nossa sociedade, mediação de conflitos, violência, prevenção de comportamentos aditivos, treino de competências pessoais e sociais, transição para a vida activa, etc.

Consideram-se relevantes as funções do educador social, pois para que os alunos possam usufruir de um ambiente adequado, e assim caminharem para o sucesso, é imperioso que estes sejam profissionais implicados, reflexivos e capazes de trabalhar juntos, com toda a comunidade escolar  de forma colaborativa, no sentido de  se encontrarem respostas diversificadas, diferenciadas, activas e, principalmente, significativas.

A Escola é o meio mais eficaz para responder às necessidades dos alunos e prevenir a solidão social.

A Escola regular, na sua especificidade, enquadra no seio da sua população um conjunto muito diverso de alunos que, pelas suas características, estádios de desenvolvimento, comportamentos e necessidades, se destacam dos seus pares do mesmo nível etário e ano de escolaridade.

Nesta diversidade, destaca-se a importância da escola nas respostas que pode proporcionar e mobilizar a estes alunos.

 

 

Departamento de Educação Especial

Uma das áreas possíveis de intervenção para o educador social é no Departamento de educação especial, com alunos com necessidades educativas especiais.

O tema da Educação Inclusiva tem despertado no meio educacional uma verdadeira reflexão no sentido de procurar uma mudança da perspectiva de integração das crianças com necessidades educativas especiais para uma perspectiva verdadeiramente inclusiva.

A Declaração de Salamanca foi um marco de referência que proporcionou a mudança do paradigma existente da escola integrativa para a escola inclusiva e onde foram definidos Princípios, Política e Prática na área das Necessidades Educativas Especiais. Esta declaração apontou no sentido de uma alteração no papel da escola regular no atendimento a alunos com necessidades educativas especiais, dado considerar-se que “as escolas regulares seguindo uma orientação inclusiva, constituem os meios mais capazes para combater as atitudes discriminatórias, criando comunidades abertas e solidárias, construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a educação para todos” (UNESCO, 1994, p. IX).

Nesta perspectiva de educação inclusiva e de acordo com Ferreira (2007), a Declaração de Salamanca salienta ainda que:

 “1) cada criança tem o direito fundamental à educação e deve ser-lhe dada a oportunidade de alcançar e manter um nível aceitável de aprendizagem; 2) cada criança tem características, interesses, capacidades e necessidades de aprendizagem únicos; 3) os sistemas e os programas educativos devem ser estruturados e implementados de forma a ter em conta e dar resposta à grande diversidade das características e diversidades; 4) os alunos com NEE devem ter acesso à escola regular, que os deve acomodar através de uma pedagogia centrada na criança capaz de responder às suas necessidades.” (p. 68).

O princípio orientador do Enquadramento da Ação sobre as Necessidades Educativas Especiais apela a uma modificação de atitudes para a criação de uma escola mais inclusiva e não discriminatória proporcionando uma educação de qualidade para todos. Este princípio consiste

“Em afirmar que as escolas se devem ajustar a todas as crianças, independentemente das suas condições físicas, sociais, linguísticas ou outras. Neste conceito terão de incluir-se crianças com deficiência ou sobredotados, crianças de rua ou crianças que trabalham, crianças de populações remotas ou nómadas, crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de áreas ou grupos desfavorecidos ou marginais.” (UNESCO, 1994, p. 6).

No entanto, o caminho para a Educação Inclusiva não se faz apenas com alterações legislativas, mas implica uma colaboração entre todos os intervenientes educativos. A Educação Inclusiva implica mudanças a vários níveis, “para além de uma mudança de mentalidades, no que diz respeito ao acesso e ao sucesso da educação para todos é necessário criar condições e recursos adequados a cada situação.” (Sanches & Teodoro, 2006, p. 74).

Para que exista uma verdadeira alteração do paradigma, que realmente implique mudança, a educação inclusiva, mais do que integrar crianças que estariam à partida excluídas no ensino regular, trata de incluir todas as crianças em idade escolar e pré-escolar, independentemente das suas características físicas, sociais, linguísticas, mantendo-as na escola, procurando evitar excluí-las e criando oportunidades de aprendizagem recorrendo às estratégias de diferenciação que se revelarem adequadas (Franco, Riço & Galésio, 2002, citando Lopes, 1997).

 Com base nestas reflexões e nas dificuldades com se deparam as escolas todos os dias que o educador social pode intervir. Como tornar a escola mais inclusiva? O que fazer com  os alunos portadores de deficiência ou em situação de risco para que não fiquem à margem da sociedade? Que respostas educativas pode a escola oferecer aos alunos na transição para a vida ativa? Que formação pode ser proporcionada às famílias para melhor poderem desempenhar o seu papel enquanto estrutura fundamental no desenvolvimento? A resolução passa por procurar dar respostas educativas a todos e quaisquer alunos independentemente das suas especificidades. Deste modo, a escola deve estar ligada à comunidade local onde se insere, o intuito de contribuirmos para uma sociedade mais inclusiva. Para  ser uma escola inclusiva devemos “proporcionar os meios mais capazes para combater atitudes discriminatórias, criando comunidades abertas e solidárias, construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a educação para todos" (Sanches e Teodoro, 2006: 70).

A intervenção em  parceria funde-se no intuito de responder à diversidade e problemáticas dos jovens na transição para a vida ativa, já que, para uma boa formação educacional, somente, os docentes de turma, jamais conseguirão apoiar adequadamente os alunos.

 No apoio à transição para a vida activa desde alunos o educador social pode abrir portas na comunidade, nomeadamente no núcleo empresarial, no sentido de sensibilizar os empresários na contratação de pessoas com deficiência.

 Escola inclusiva, «... consiste em todos os alunos aprenderem juntos, sempre que possível, independentemente das dificuldades e das diferenças que apresentem.» Declaração de Salamanca, da UNESCO (1994)

 

O maior desafio:

Incremento contínuo de estratégias e procedimentos que proporcionem a todos os alunos mais e melhores condições de aprendizagem, ou seja, oportunidades de interacção com os outros, de forma solidária e cooperativa, de maneira a desenvolverem as competências sociais e a autonomia.

Decreto-Lei n.º 3/2008
(7 de janeiro)

Vem enquadrar as respostas educativas a desenvolver para adequar o processo educativo às necessidades educativas especiais dos alunos com limitações significativas ao nível da actividade e participação, num ou vários domínios da vida, decorrentes de alterações funcionais e estruturais de carácter permanente e das quais resultam dificuldades continuadas ao nível da comunicação, da aprendizagem, da mobilidade, da autonomia, do relacionamento interpessoal e da participação social.

Modalidades específicas de educação

                     Unidades de Ensino Estruturado para a Educação de Alunos com Perturbações do Espectro do Autismo(art.º 25º)

                     Unidades de Apoio Especializado para a Educação de Alunos com Multideficiência e Surdocegueira Congénita (art.º 26º)

A sua organização deverá ter em conta:

                     Tipo de dificuldade manifestada pelo aluno;

                     Nível de desenvolvimento cognitivo, linguístico, motor e social e de funcionalidade do aluno;

                     A idade dos alunos.

Unidades

Os alunos que frequentam estas unidades precisam sobretudo de:

                     Frequentarem ambientes organizados e estruturados;

                     Frequentarem ambientes educativos securizantes;

                     Terem oportunidades para interagir com o ambiente de forma significativa;

                     Acederem a informação pertinente;

                     Terem tempo para explorar e manipular objectos e outros materiais;

                     Estarem activamente envolvidos nas actividades em que participam.

Objectivos do trabalho nas Unidades

                     Promover a participação dos alunos com multideficiência e surdocegueira /espectro do autismo, nas actividades curriculares, junto dos pares da turma.

                     Aplicar metodologias e estratégias de intervenção interdisciplinares visando o desenvolvimento e a integração social e escolar dos alunos.

                     Assegurar a criação de ambientes estruturados, securizantes e significativos.

                     Implementar e desenvolver um modelo de ensino estruturado o qual consiste na aplicação de um conjunto de princípios e estratégias que, com base em informação visual, promovam a organização do espaço, do tempo, dos materiais e das actividades (unidades de ensino estruturado).

                     Proceder às adequações curriculares necessárias.

                     Adoptar opções educativas flexíveis, de carácter individual e dinâmico, pressupondo uma avaliação constante do processo de ensino e aprendizagem dos alunos e o regular envolvimento e participação da família.

                     Assegurar os apoios específicos ao nível das terapias, da psicologia e da orientação e mobilidade aos alunos que deles possam necessitar.

                     Organizar o processo de transição para a vida pós-escolar

O papel do educador social

O educador social pode é um profissional que pode agir na prevenção e resolução de várias problemáticas em contexto escolar, pode actuar, de diferentes formas, com os alunos, família e com a comunidade escolar.

A vida em sociedade pressupõe a convivência entre todos, assim foram criadas regras sociais e padrões de comportamento, o educador social pode ajudar através do desenvolvimento de projectos na escola criando respostas às problemáticas atuais

“Está nas nossas mãos, e cada um pode fazer qualquer coisa. Mas nas nossas mãos sozinhas, a areia fina escoa-se. Por isso, preciso de ti”. Strecht (1999, p.70),

 

Bibliografia

·         Ferreira, M. (2007). Educação Regular, Educação Especial: uma história de separação. Porto: Edições Afrontamento.

·         Franco V., Riço M. & Galésio M., (2002). Inclusão e construção de contextos inclusivos. In Patrício, M. (org). Globalização e Diversidade – A escola cultural, uma resposta. Porto: Porto Editora.

·         Rief S. & Heimburge J. (2000). Como Ensinar Todos os Alunos na Sala de Aula Inclusiva; 1º volume; Porto: Porto Editora.

·         Rodrigues, D. (2003). Perspectivas Sobre a Inclusão – Da Educação à Sociedade; Coleção: Educação Especial; Porto: Porto Editora.

·         Sanches (2005) Compreender, Agir, Mudar, Incluir. Da Investigação-ação à educação Inclusiva. Revista Lusófona de Educação, 5, pp. 127-142.

·         Sanches, I. & Teodoro, A. (2006). Da integração à inclusão escolar: cruzando perspectivas e conceitos. Revista Lusófona de Educação, 8, pp. 63-83.

·         UNESCO (1994). Declaração de Salamanca e Enquadramento da Ação na área das Necessidades Educativas Especiais. Paris: UNESCO / Ministério da Educação e Ciência (Espanha)

 

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