quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O Educador Social e o seu papel na prevenção das toxicodependências


            Face às proporções alarmantes que o fenómeno da toxicodependência tem assumindo, este tornou-se uma das principais preocupações da sociedade portuguesa. Assim, actuar no âmbito da prevenção das toxicodependências, constitui-se como uma prioridade de acção.

            Tendo em conta a necessidade expressa pela sociedade em combater este flagelo, houve uma aposta em ações preventivas nas quais podem atuar diferentes técnicos, onde se enquadra o Educador Social. Este profissional adquire uma formação teórico-prática de carácter humano, psico-pedagógico e sociocomunitário, que lhe confere uma capacidade para desenvolver intervenções intencionais e sistemáticas, de âmbito social, comunitário e preventivo nas diferentes comunidades.  

            Deste modo, no âmbito da prevenção das toxicodependências, o Educador Social é um agente de prevenção que deve assumir segundo Stel (1998:64) algumas funções básicas: a função de antena, reagindo aos sinais que recebem, identificando problemas sociais e apoiando as soluções propostas pelos próprios atores; a função experimental, procurando soluções conjuntas para problemas diagnosticados; a função enciclopédia, desenvolvendo, armazenando e divulgando a informação através de publicações e aconselhamento e desenvolvimento de redes, para possibilitar as funções anteriores os agentes de prevenção desenvolvem redes comunitárias ou juntam-se às já existentes.                                  

            O papel do Educador Social no âmbito da prevenção das toxicodependências abrange diversos contextos: a população em geral, o meio familiar, escolar, laboral e prisional, os jovens em situação de abandono escolar, grupos populacionais específicos, os espaços recreativos, de lazer e desportivos.

             Assim, é notório que a prevenção é uma área privilegiada da acção profissional do Educador Social. Esta baseia-se “…na orientação, na melhoria, no enriquecimento e nas contribuições para os processos educativos dos demais,(…) sua actividade profissional repousa nas interações com os usuários/as dos serviços aspetos que requerem não apenas o conhecimento de técnicas, recursos e métodos como também, e principalmente, a capacidade de empatia, escuta e resposta em sua relação profissional.”[1]

Autora: Joana Botas

(Licenciada em Educação Social)


[1] ROMANS, Mercè; PETRUS, Antoni e TRILLA, Jaune (2003) Profissão: Educador Social, Porto Alegre: Artmed, p. 128

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Reflexão sobre o papel das entidades com competência e juventude na intervenção com crianças e jovens


Nos processos de promoção de direitos e de proteção da criança e do jovem em perigo, as entidades com competência para intervir são, as entidades com competência em matéria de infância e juventude, as comissões de proteção de crianças e jovens e os tribunais.

A intervenção das entidades em matéria de infância e juventude, ou seja, a intervenção de primeira linha face aos indícios de risco ou perigo para a criança, poderá ser de forma de sinalização de qualquer entidade ou pessoa, por exemplo, as escolas, as coletividades, entre outros, sempre a nível de observação direta, é assim da responsabilidade das entidades e instituições com âmbito de ação nas questões relativas á criança e ao jovem, quer a nível da saúde, da educação bem como os serviços de ação social.

Essas entidades, para especificar melhor, puderam ser as pessoas singulares e unipessoais ou coletividades públicas, as cooperativas, sociais ou privadas que, por desenvolverem atividades nas áreas da infância e juventude, tem legitimidade para intervir.

Ou seja, é assim necessário assegurar em tempo a proteção suficiente que as circunstancias do caso exigem, tendo sempre em conta o âmbito exclusivo das suas competências, por exemplo, ao sector da saúde, cabe atuar nas situações que relevem da saúde profilática e curativa da criança, á escola cabe agir sempre que se detetem problemas relacionados com os percursos escolares, como o absentismo, e o insucesso escolar, e assim para outros sectores, cada um trabalhar em função das suas competências.

Quanto á intervenção das comissões de proteção de crianças e jovens, uma intervenção na segunda linha e com o estatuto de centralidade do sistema de promoção de direitos e de proteção bem com tendo o papel intermédio entre os tribunais e a ação das entidades de base, tem lugar quando não seja possível as entidades da primeira linha, atuarem de forma adequada e suficiente a remover o perigo em que se encontrem, esta intervenção das comissões de proteção de crianças e jovens depende do consentimento expresso dos pais, do representante legal ou da pessoa que tenha a guarda de facto, criança ou jovem, bem como a não oposição da criança ou do jovem com idade igual ou superior a 12 anos.

O conceito da subsidiariedade, na qual diz que a intervenção deve ser feita sucessivamente pelas entidades com competência em matéria da infância e juventude, pelas comissões de proteção de crianças e jovens e, em última instancia, pelos tribunais, é importante focar que só é abolido por duas situações, em situações reguladas no regime dos procedimentos urgentes na ausência do consentimento e nas situações que determinem a aplicação da medida de proteção.

Os tribunais são competentes para a aplicação das medidas de promoção e proteção, o tribunal da área da residência da criança ou do jovem no momento em que é recebida a comunicação da situação ou instauro de processo.

As comissões de proteção de crianças e jovens, são, instituições oficiais não judiciarias com autonomia funcional que visam promover os direitos da criança e do jovem e prevenir ou pôr termo a situações suscetíveis de afetar a sua segurança, saúde, formação, educação ou desenvolvimento integral, exercem também as suas atribuições em conformidade com a lei e deliberam com imparcialidade e independência, são ainda declaradas instaladas por portaria conjunta do Ministério da Justiça e do Ministério do trabalho e da Solidariedade, são estas as missões da CPCJ.

As CPCJ estabelece relações com a Comissão Nacional de Proteção de Crianças e Jovens em Risco (CNPCJR), as CPCJ, são assim através da CNPCJR, acompanhadas e apoiadas permitindo-lhes melhorar a qualidade do seu desempenho, bem como o Ministério Publico, a nível de parcerias.

As comissões têm ainda competência de uma comissão alargada e uma comissão restrita, ou seja, é atribuída uma dupla missão, o objetivo desta dupla missão, é de melhorar a organização da atividade da comissão tendo em vista dar correspondência á dupla dimensão das suas competências.

As competências da comissão alargada, são, informar a comunidade sobre os direitos da criança e do jovem e sensibiliza-la para os apoiar sempre que estes conheçam especiais dificuldades, bem como promover ações e colaborar com as entidades competentes tendo em vista a deteção dos factos se situações que, na área da sua competência territorial, afetem os direitos e interesses da criança e do jovem no qual ponham em perigo a sua segurança, saúde, formação ou educação bem como se mostrem desfavoráveis á inserção social.

Tem ainda a competência de informa e colaborar com as entidades competentes no levantamento das carências e na identificação e mobilização dos recursos necessários a promoção dos direitos, do bem-estar e no seu desenvolvimento, bem como colaborar com as entidades competentes no estudo e elaboração de projetos inovadores, colaborar ainda com as entidades, na constituição e funcionamento de uma rede de acolhimento e na formulação de outras respostas sociais.

Tem que dinamizar a informação relativa a todos os processos iniciados, bem como aprovar o relatório anual de atividade e avaliação elaborado pelo presidente, em suma a comissão alargada tem uma intervenção pró ativa.

As competências da comissão restrita, são designadamente, atender e informar as pessoas que se dirigem á comissão, apreciar as situações do conhecimento em relação aos processos e decidindo o seu arquivamento ou a necessidade de abertura de processo de promoção de direitos e de proteção, procedendo assim á instauração de processos.

Tem como competência ainda, a solicitar a participação dos membros da comissão alargada, bem como solicitar pareceres e colaboração de outros técnicos ou de outras pessoas, e entidades públicas ou privadas, decidir a aplicação e acompanhar e rever as medidas, em suma a comissão restrita tem uma intervenção reparadora.

 A comissão organiza-se em dois grupos de trabalho, um grupo estará vocacionado para a mobilização da comunidade na promoção do respeito pelos direitos da criança, esse grupo será numericamente coincidente com as suas necessidades e no qual vai intervir pró ativamente, e na qual será constituída por um representante do município, um representante da segurança social, um representante do ministério da educação, um medico, um representante de uma instituição particular de segurança social do local, um representante das associações de pais da área, um representante das associações ou organizações privadas e das associações de jovens, um ou dois representantes das forças de segurança, quatro pessoas designadas pela assembleia municipal ou junta de freguesia e os técnicos que venham a ser cooptados pela comissão, com formação bem como todos os outros representantes enumerados.

 O outro grupo de trabalho com um mínimo de cinco elementos, é composta sempre por número ímpar, são membros deste grupo o presidente da comissão de proteção, os representantes do munícipe e elementos da segurança social que não exerçam a presidência este grupo de trabalho cabe a centralização da ação reparadora, ou seja um grupo técnico especializado.

Assim as comissões passam a comunicar exclusivamente ao ministério público as situações em que considerem adequado o encaminhamento para a adoção, situações em que não sejam cumpridos acordos estabelecidos, situações em que não tenham sido proferidas decisões decorridos seis meses após o conhecimento da situação.

Situações em que não obtenham a disponibilidade dos meios necessários para aplicação da medida necessária, nomeadamente por oposição de um serviço ou instituição bem como a aplicação da medida que determine ou mantenha a separação da criança ou do jovem dos seus pais, representante legal ou quem tenha a guarda de facto.

Assim, compete ao tribunal de família e menores a instrução e o julgamento do processo, bem como conhecer as causas do processo.

As situações que impedem a comissão de intervir resultam da ausência de pressupostos que para a lei de proteção são fundamentais, assim a comissão devera alertar o ministério publico, destas ocorrências, tais como, não sejam prestadas ou sejam retirados os consentimentos necessários a sua intervenção, á aplicação da medida ou á sua revisão, em que haja assim a oposição da criança e do jovem, ou em que, tendo estes sido prestados não sejam cumpridos os acordos estabelecidos.

Assim, o ministério público, define um quadro regulador para a abertura de processo judicial de promoção e proteção prevendo dois planos.

Os casos em que as comissões comunicação ao tribunal, deixando assim a CPCJ de intervir, e passa a ser o ministério publico, são em situações em que consideram adequado o encaminhamento para a adoção, em que sejam dados ou retirados consentimentos, as situações em que não obtenham a medida adequada, bem como as situações em que não tenha sido proferida decisão decorridos seis meses após o conhecimento da situação da criança ou do jovem em perigo, e por fim uma medida em que seja necessário o afastamento da criança ou jovem dos seus pais, representante legal ou pessoas que tenha a guarda de facto da criança ou jovem.

 

“Nós só somos verdadeiramente maduros quando somos capazes de nos pormos em causa, não há desenvolvimento sem qualidade humana”.

 Dr. Armando Leandro.
AUTORA: Sandra Afonso

sábado, 25 de agosto de 2012

A dimensão ética da ação educativa nos Lares de Infância e Juventude


Ética é a análise de uma determinada regra comportamental, ou de uma conduta humana. A ética não cria a moral, porém a moral pressupõe uma série de valores éticos como princípios, normas ou regras do comportamento ou atitudes de natureza emotiva, logo a reflexão moral é a consciência lógica dessa atitude.

Os lares de infância e juventude são lugares que têm imperativamente de ter a capacidade para a promoção do homem, e a sua finalidade é promover o crescimento e a maturidade do educando em todas as suas dimensões.

De acordo com estes objectivos, pretende-se nos lares de infância e juventude, ajudar os educandos a descobrirem e a desenvolverem as suas capacidades físicas, intelectuais e afectivas, e a aceitar as suas próprias qualidades e limitações de promover o desenvolvimento da dimensão social do educando, tendo como base o seu crescimento integral, de desenvolver a sua dimensão ética e transcendente, alargando a nossa acção educativa à área do sentido da existência humana.

Estas três dimensões constituem uma unidade na pessoa humana, que cresce e amadurece através da acção institucional segundo a idade e a situação concreta de cada um. Esta acção implica também os educadores, que, com os educandos e os tutores, participam na caminhada comum de formação contínua.

Neste contexto, é preciso ter-se em conta que o desenvolvimento da pessoa realiza-se numas coordenadas espácio-temporais concretas, e que o acesso à própria realização integral só é possível a partir da inserção do jovem na sua própria geração e na própria sociedade.

Os lares de infância e juventude, tem a responsabilidade de dar relevo à dimensão ética da cultura, com o objectivo de activar o dinamismo espiritual do aluno e ajudá-lo a assumir a liberdade ética, que dimana da liberdade psicológica e simultaneamente a aperfeiçoa.

Por isso, nos lares de infância e juventude assume-se a dimensão ética e transcendente do homem e da humanidade como sendo uma dimensão eminentemente humana e, portanto, como um aspecto que se deve ter em consideração ao promover o crescimento integral do educando.

Nos planos educativos é assim fundamental dar-se importância à dimensão ética e religiosa da pessoa e da cultura, e consideramo-la como a dimensão com maior incidência no processo de crescimento da criança ou do jovem, parte-se do facto do educando ser um ser aberto a um âmbito que lhe é transcendente, e consideramos que este facto o ajuda a descobrir o seu próprio destino e o da humanidade, procura-se que os educandos também se interroguem sobre o problema essencial da própria vida, que acompanha a todo o homem e o ajuda a enfrentar o mistério de sua existência.

Mostra-se também aos alunos que a dimensão transcendente do homem lhe abre horizontes novos para a vivência e para a interpretação da realidade pessoal do homem e do mundo, ajudamo-los a descobrirem que a abertura à transcendência é a base e o fundamento da nossa esperança.

Assim, pois, propomo-nos esclarecer o jovem sobre o mistério do homem e levá-lo a procurar soluções para os principais problemas da nossa época através do conhecimento e da vivência de variadíssimas experiências.

A proposta educativa dos lares de infância e juventude inclui uma referência explícita a alguns valores que enformam todo o conceito de homem.

É fundamental nos lares de infância e juventude, transmitir os seguintes valores, a atitude de aceitação entre educadores, educandos e tutores, recusando toda a discriminação por motivos intelectuais, religiosos, económicos, sociais, entre outros.

Ter atenção especial a todos os educandos, tutores e sectores sociais que sejam objecto de qualquer tipo de marginalização, a gratidão e alegria, sem nos deixarmos abater pelas dificuldades da vida, e educando no sentido da festa, a criatividade e espírito de renovação, fugindo à rotina, à indiferença e ao conformismo, a participação empenhada na tarefa educativa, tornando real e visível a corresponsabilizado de todos os educandos internados.

A consciência do compromisso na construção de um mundo mais humano.

É também fundamental a promoção da liberdade, da justiça, da solidariedade e da paz, como sendo valores que enriquecem a acção educativa e porque a sua promoção e defesa são urgentes na nossa sociedade.

A formação de pessoas livres é um dos objectivos essenciais de toda a educação.

Educar para a dignidade e para esta liberdade, e para isso, é fundamental nos lares de infância e juventude, os educadores sociais de internato terem de actuar como seres livres e respeitadores da liberdade dos outros, de maneira que o seu comportamento seja um estímulo, os alunos terem de aprender a pensar por eles próprios e devem habituar-se a actuar por convicção própria, todos têm de criar um clima de diálogo que promova a sã convivência e a livre expressão sem prejuízos nem receios, também os jovens e os adultos, trabalhando numa sã convivência normal, hão-de aprender a relacionar-se e hão-de preparar-se para viverem juntos e para se complementarem.

A acção educativa tem de promover junto dos educandos maneiras de adquiram gradualmente um conceito claro e autêntico de liberdade, e ajudem a criar um ambiente que eduque em liberdade, a estrutura participativa deve levar os alunos a assumirem responsabilidades de acordo com os respectivos escalões e idades, preparando-os para a aceitação e o exercício de responsabilidades sociais.

A proposta de uma certa escala de valores, o escalonamento de motivações na actuação das pessoas, o uso de um correcto espírito crítico diante de factos e de situações, o exemplo de coerência na vida e na actuação dos educadores, e a oferta de oportunidades para tomar decisões pessoais, são alguns dos meios que hão-de acompanhar sempre a educação na liberdade e para a liberdade.

Quanto à justiça como uma exigência da dignidade e da igualdade entre todos os homens, é a educação para a justiça e a solidariedade como um fruto da nossa opção de serviço ao homem.

Por isso é também fundamental colaborar positivamente na educação para a justiça e a solidariedade, lutando por conseguir uma política educativa que garanta uma real igualdade de oportunidades no acesso à educação e os meios adequados para os alunos que necessitem de uma educação especial.

Tornando normal e fácil a integração no mundo daqueles educandos menos possibilitados a promoção colectiva do meio social em que o internato está inserido.

Valorizando equitativamente o trabalho dos alunos de acordo com as suas possibilidades e com o seu esforço pessoal, evitando os privilégios e as discriminações.

Promovendo a reflexão crítica sobre os actos de injustiça existentes na nossa sociedade, para que os alunos não se deixem manipular nem se tornem cúmplices de injustiça através do silêncio ou da indiferença.

Desenvolvendo a sensibilidade dos alunos para comparticiparem tanto nas preocupações como nas iniciativas e projectos que possam reverter em bem da comunidade, começando pelo meio mais próximo.

Fomentando a solidariedade com os mais pobres e marginalizados, os que estão em dificuldades, os que são vítimas de desigualdades, os que padecem as consequências de uma organização social desequilibrada e injusta, ou seja, aproxima-los de uma realidade real para estes educandos na qual o objectivo é uma maior aceitação.

Levando os educandos aderem que a solidariedade autêntica tem de se traduzir na realização do próprio trabalho feito com generosidade e espírito de serviço, estando abertos à colaboração com todos os que lutem por construir uma sociedade mais humana.

Embora seja um termo bastante amplo, podemos conceituar Ética como uma área do saber à qual corresponde o estudo dos juízos de valor referentes à conduta humana, seja tomando por referência as regras de conduta vigentes numa determinada sociedade, seja tomada de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar. Assim, a Ética em sua acepção mais usual pode ser entendida como relativa à moralidade, como avaliação dos costumes, deveres e modos de proceder dos homens para com os seus semelhantes.

É a partir de dados empíricos experimentados, porém não pode ser medida, aspira a racionalidade, ou seja, consiste em tomar consciência do valor do comportamento humano.

Quanto à dimensão ética da ação educativa nos lares de infância e juventude (LIJ), a relação de liberdade e responsabilidade faz parte de todo o ser humano no qual age moralmente e reflete sobre o seu comportamento, tomando esse pensamento como objeto de reflexão com o fim de esclarecer as suas próprias atitudes e comportamentos.

Os jovens com medidas de internamento predominando, à seguinte e toda a sequência de atividades são impostas por um sistema de regras explícitas por um grupo de profissionais. Assim, nas instituições totais podemos verificar uma divisão distinta, por um lado, um grupo dos internados, por outro, grupo dos controlados e uma pequena equipa de supervisão. Assim, o tempo de permanência na instituição é distinto, os internados são educados para uma conduta ética.

Diariamente o homem depara-se com a necessidade de se questionar sobre elas, e tendo em conta que toma como certo o que realmente é. Pela pressão e a influência da sociedade, das regras e as normas impostas por outros seres pensantes como ele, é muitas vezes induzido para outros valores que segue sem questionar, considerando-os como certos e impossibilitando desde logo qualquer ordem em contrário. O objecto da ética procura definir os princípios pelos quais o Ser Humano deve orientar a sua vida; as normas da Ética não nos são impostas.

Os problemas fundamentais da ética são a necessidade de responder à questão “o que devo fazer”.

O conhecimento Humano trata-se de um processo no qual o pensamento e a experiência estão relacionados, desenvolvendo um movimento de abertura à realidade axiológica, unido a consciência de valores.

O conhecimento moral, onde o indivíduo manifesta juízos de realidade e formula juízos de valor. Requer uma investigação atenta, uma vez que existe a preocupação em analisar os motivos, os meios e os fins que formam os contextos que justificam as ações do Ser Humano.

O conhecimento ético, apresenta-se como uma experiência fundamental que une um sistema de valores, apto a definir o contexto dos fins inesquecíveis da vida do Ser Humano. Este conhecimento capta e valora a realidade, em simultâneo, problematizando os seus dados e linhas de rumo de projeto existencial (durante a sua existência).

Quanto à educação, a Ética na educação tem como objetivo formar indivíduos conscientes dos seus direitos e deveres dentro de uma sociedade.

Cada indivíduo torna-se “pessoa”, numa dada situação concreta, na qual a obrigação moral não pode ser separada da competência, pois cada um tem de agir moralmente, tendo em conta os seus valores éticos.

A Clarificação dos Valores apresenta também algumas dificuldades de concretização, nomeadamente ao nível da realização prática, pois não oferecem meios adequados, para a solução das questões morais colocadas. Estas questões têm um elevado grau de subjetivismo e relativismo moral, existindo assim, uma contradição entre os objetivos do método e uma atuação social correta.

AUTORA: Sandra Afonso

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O Educador Social nas dinâmicas de grupo nos Adultos


As dinâmicas são instrumentos e ferramentas muito importantes para os adultos na medida em que se enquadram dentro de um processo de formação e organização, que possibilitam a criação e recriação do conhecimento.

As dinâmicas de grupo para a população adulta são instrumentos utilizados para variadíssimos fins, como em casos de estudo para processos de grupo, na qual se deposita grande confiança neste tipo de métodos de discussão informal para a aprendizagem do comportamento dos grupos, na qual uma das razoes é que, pela sua experiencia no seio do grupo, o individuo descobre as relações intimas e complexas que existem entre os diversos fenómenos da vida de grupo.

Quanto às relações interpessoais na qual são fundamentais ao adulto quer a nível pessoal quer a nível profissional, e na qual tantas vezes alguns adultos são confrontados ao longo da sua vida com a verdadeira dificuldade de progredir por falta de conhecimento a nível de interação de grupo e como interagir com pessoas, aqui as dinâmicas de grupo tem um papel fundamental.

Quanto às dinâmicas de grupo para adultos é muitas vezes referido métodos de formação, ou seja, modelos de formação pessoal ao longo da vida e desenvolvimento inter-relacional, na qual a investigação educacional revela que os esquemas conceptuais tendem a ser desenvolvidos, através de informações que vão recebendo continuamente, assim as dinâmicas de grupo para os adultos não são mais que formar o próprio crescimento e desenvolvimento individual, preparando para a mudança para o desconhecido e para o trabalho em grupo.

Quanto á abrangência das dinâmicas de grupo, é de realçar as que mais se enquadram nas dinâmicas de grupo para adultos uma vez que são frequentemente trabalhadas como a importância da coesão e coerção, a pressão social, a atracão e a rejeição, a resistência á mudança e a interdependência.

Citando Kurt Lewin, o espaço psicológico é a totalidade dos fatores psicológicos que afetam um indivíduo num determinado momento da sua vida, esse espaço psicológico foi conceptualizado de acordo com uma topologia geométrica na qual as relações espaciais são representadas de uma forma não métrica. O campo psicológico do adulto é assim constituído pela família, escola, amigos, trabalho, aqui o comportamento do adulto vai depender das mudanças que ocorrerem nesse campo ou seja, no seu espaço de vida num determinado momento.

Assim, as dinâmicas de grupo nos adultos, vão consistir no estudo das interações entre os diferentes membros de um grupo não esquecendo a participação dos membros nas decisões e soluções dos problemas e na natureza dos grupos, a sua constituição a sua estrutura o seu funcionamento e por fim os seus objetivos, assim, o comportamento do indivíduo depende do sujeito, enquanto pessoa e do seu espaço de vida.

Para os adultos uma necessidade social que evidenciam maior parte das vezes é a importância da motivação.

Quanto a (Fachada, 2001), para este autor, as necessidades dos sujeitos estão hierarquizados de acordo com o seu grau de importância, na qual foca, as necessidades fisiológicas, na qual são vitais para o adulto, também as necessidades de auto-realização que estão relacionadas com a competência e a realização profissional. As necessidades de segurança, as necessidades sociais na qual estão relacionadas com a pertença e participação em associações e grupos onde existem sentimentos de amizades e afetos. Assim, uma das dinâmicas para a população adulta mais importante para explicar variadíssimas vezes o comportamento é sem dúvida a motivação.

Para o adulto o facto de se encontrar motivado ao longo da sua vida é fundamental na medida em que existe uma necessidade que gera um impulso ou motivo, por sua vez este motivo, vai mobilizar as energias do adulto no sentido de procurar o objeto ou objeitos que satisfaçam as necessidades e desta forma vai-se atingir o objetivo, logo o adulto tem a sua necessidade satisfeita. Quando o adulto não consegue satisfazer as suas necessidades ou desejos, existe desde logo uma associação entre a motivação e a frustração na qual poderá ser entendida essa frustração como um bloqueio da satisfação de necessidade ou motivo, e dai muitas das vezes a necessidade do adulto recorrer às dinâmicas de grupo para poder ultrapassar com sucesso as suas frustrações.

A coesão do grupo é um conjunto de forças que atuam sobre os membros do grupo, os elementos que constituem o grupo devem sentir alguma atracão entre si, mantendo uma boa relação.

A coesão do grupo vai assim permitir que os elementos do grupo permaneçam juntos, que confiem e sejam leais entre si, que se sintam seguros, que se deixem influenciar, que aumente a satisfação entre os elementos do grupo á medida que o trabalho se desenvolva e que haja interação.

É assim fundamental a um adulto saber estar, saber interagir, saber comunicar em grupo dai a importância das dinâmicas ao longo da vida.

Como dinamizador de grupos podemos encontrar Educadores Sociais, Psicólogos, Animador, entre outros. O papel é comum a todos, pois é através da sua prática e formação que tem como missão e responsabilidade a condução e a orientação do grupo, motivá-lo e levá-lo até à realização dos fins a que se sugere.

É de extrema importância ao aplicar-se uma dinâmica que todo o processo tenha uma sequência lógica de fácil perceção para o grupo.

Quanto ao papel do educador social nas dinâmicas de grupo para adultos, este é de importância acrescida, pois é um técnico de referência, é ele que dá rendimento à capacidade educativa do grupo, tornando-se essencial na maioria dos casos. É nesta figura que se focaliza a responsabilidade de conduta, motivação e realização dos termos a que sugere o grupo, este profissional vai ajudar na promoção de mudanças sociais necessárias na comunidade onde insere a dinâmica.

Por ter um perfil facilitador e de mediador, e principalmente ser um profissional da condição humana, ajusta-se assim de forma bastante qualificada.

O educador social “assume na relação o duplo estatuto de algum que está diretamente implicado e, ao mesmo tempo, impedido de tomar partido ou de dar a solução. Cabe-lhe, sobretudo, escutar e estar atento, criando situações de encontro e de proximidade favoráveis à emergência de respostas pessoais por parte dos educandos, os verdadeiros protagonistas da ação.” (Carvalho, 2004 O Educador como ator e mediador social, p.93, em Educação Social: Fundamentos e Estratégias).


Se a vida é como um jogo, que tal jogar uns com os outros em vez de uns contra os outros?

Competir é importante. Perder ou ganhar, o que interessa é jogar! Como é que se pode ter uma crença assim? Ganhar, traz alegria. Perder, traz tristeza. Não pode ser a mesma coisa é necessariamente diferente. O jogo é alegria. Mas cooperar é fundamental!

Permite o aperfeiçoamento das relações interpessoais e de grupo das organizações. Envolvidos por desafios cooperativos os jogadores são motivados a expandir o grau de sinergia e gerar novas estratégias para solucionar conflitos, realizar metas comuns e compartilhar o sucesso. São instrumentos de autoconhecimento. Quando sentimos o suporte emocional nós e os outros, sentimos mais força e a capacidade de realizar a fusão do espaço e do tempo característico da ação motora, da atividade física e desportiva – saltar mais alto, correr mais tempo …

(Campos. C., 1999)

AUTORA: Sandra Afonso

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

O Educador Social e o Animador Sociocultural. O que é a Educação Social?

O Educador Social e o Animador Sociocultural
O que é a Educação Social.

Historicamente a educação social teve uma conceção sociologista da educação (Durkheim, Natorp, Barth, Kerschenteiner, Dewey, O. Willmann”. (Ernesto Martins. Revista espaço S).
Segundo Ernesto Martins, quando falamos em educação social devemos analisar as características do meio social envolvente ao sujeito a intervir, já que essa educação é uma resposta à realidade social provocada pelo impacto das novas tecnologias (sociedade da informação e da comunicação), da transformação dos meios de sociabilidade tradicionais (familiar, profissional, cultural, valores, desestruturação dos movimentos sociais, entre outros), meios de comunicação social, do consumo, das novas bolsas de pobreza, da exclusão social, da crise do Estado de Bem-estar, entre outros.
Compreendemos desta forma que o conceito de educação social é de difícil precisão e definição, já que varia com a ideologia vigente, o paradigma teórico prático e com as perspetivas profissionais.
Já para Faure (1972, citado por Serrano, 2008) afirma que “a educação, pelo conhecimento que proporciona do ambiente onde se desenvolve, pode ajudar a sociedade a tomar consciência dos seus próprios problemas e que, na condição de dirigir os seus esforços para a formação de Homens completos, comprometidos conscientemente no caminho da sua emancipação coletiva e individual, pode contribuir, em grande medida, para a transformação e humanização das sociedades”. (p.15).
Desta forma, a Educação Social, está condicionada pela sua história, mas parte dela realizada a partir de políticas sociais, próprias da sociedade de bem-estar. Dai a importância do conhecimento de determinados aspetos dessa sociedade.
As ideias de educação social surgiram após o séc. XVIII e no séc. XX na qual surge a emergência da educação social.
As regalias sociais como o ramo para o assistencialismo vão contribuir para o surgimento da educação social. Este será um grande contributo para a justiça social, para melhorar o progresso, atenuar as desigualdades, sendo pressupostos e valores que conduzem a objectivos como preparar o indivíduo para viver em sociedade.
As necessidades humanas surgem de acordo com cada sociedade e época, em que determinado nível de desenvolvimento dos valores e da forma especifica entre o individuo e comunidade.
A partir da segunda guerra mundial é que se configurou e generalizou a forma de organização social com o estado de bem-estar. A Educação Social como disciplina autónoma só começa em meados do séc. XX com a Alemanha a pioneira, Espanha mais cedo anos 80 e em Portugal nos anos 90, assim, para perceber os fatores da Educação Social temos que perceber a sua raiz histórica humana que passou por várias fases até chegar à atual.
Segundo Adalberto Dias de Carvalho e Isabel Batista, “A educação social é, a expressão da responsabilidade da sociedade diante dos problemas humanos que a percorrem e que ela não pode radicar” (p. 11).
Assim sendo, e de acordo com as recomendações da UNESCO, neste novo século cabe à Educação Social promover junto dos sujeitos de todas as idades, a capacidade de apropriação critica do seu presente de modo a poderem tomar decisões sobre um futuro que responda aos interesses, e desejos, pessoalmente construídos segundo uma lógica de solidariedade e justiça.
Segundo Carvalho, “ No contexto de uma sociedade que se deseja educativa, a educação deverá corresponder ao tesouro a descobrir, por todos e por cada um”. (p. 60).
Entende-se assim, que as metas da educação social não são redutíveis a uma pedagogia de urgência.
Desta forma os problemas sociais são reflexões, às quais podemos recorrer ao conceito de educação social, sendo que esta abrange um campo de intervenção num espaço-comunitário, com características diferentes, tanto no âmbito social como no carácter pedagógico.
O educador social estabelece-se intervindo com as mais diversas faixas etárias desde crianças, jovens, adultos e idosos, e nos mais diversificados contextos sociais, culturais, educativos e económicos. A lógica da educação social, impôs-se sobre certos conflitos e interesses não científicos. As distintas realidades sociais exercem um poder, tendo um espaço envolvido.
A educação numa perspetiva teórico prática define-se como uma mesma realidade, na qual as ações deverão ser analisadas e estudantes, na atualidade esta ocupa um espaço próprio e abrange a cultura de cada um, desta forma podemos recorrer a vários métodos para descobrirmos a nossa realidade.
A definição como educadores sociais, é uma realidade completa, determina um espaço na sociedade, transmite valores próprios de uma determinada sociedade, tem ainda, uma influência dos poderes públicos, com fins políticos para a vida social.
O facto é que a aprendizagem ocorre sempre em qualquer lado na qual podemos concluir que tudo é aprendizagem, logo o que varia é o modelo pelo qual essa aprendizagem decorre. Os modelos de Educação dividem-se em três principais grupos, na educaçao formal, na educaçao não-formal e na educaçao informal.
Fazendo alusão a Órtega (1999), o autor refere que há muito mais educação fora do que dentro do sistema escolar e que este deverá procurar sempre o objetivo da educação “ao longo da vida”, devendo assim, a educação social, ajudar a ser e a conviver com os outros.
Para o autor, é necessário que a educação social, se sintetize no contributo para que o indivíduo se integre no meio social á sua volta, tendo assim aptidão para melhorar e transformar.
Por ter um perfil facilitador e de mediador, e principalmente ser um profissional da condição humana, ajusta-se assim de forma bastante qualificada.
O educador social “assume na relação o duplo estatuto de algum que está diretamente implicado e, ao mesmo tempo, impedido de tomar partido ou de dar a solução. Cabe-lhe, sobretudo, escutar e estar atento, criando situações de encontro e de proximidade favoráveis à emergência de respostas pessoais por parte dos educandos, os verdadeiros protagonistas da ação.” (Carvalho, 2004 O Educador como ator e mediador social, p.93, em Educação Social: Fundamentos e Estratégias).
A educação social pode ser definida como um conjunto fundamentado de práticas educativas orientadas para o desenvolvimento da socialização dos indivíduos, com vista a dar resposta adequadas aos seus problemas e necessidades.
A educação social está intimamente ligada a uma função de ajuda educativa a pessoas e grupos que fazem parte da realidade social. É o processo de transformação do indivíduo biológico no indivíduo social através da transmissão e aprendizagem da cultura e da sociedade, é igualmente devido a este processo de socialização que o indivíduo vai adquirindo a capacidade de participação e integração social no grupo em que vive.
A educação social pode ser entendida como a aquisição de competências sociais como por exemplo a pertença a um grupo, pressupõe a valorização dos indivíduos, a intervenção sociocomunitária e um instrumento para a socialização e para a correta inserção social.
A educação social será assim, um conjunto de procedimentos utilizados pelas sociedades mais desenvolvidas com a finalidade que todos os seus membros observem aquelas normas de conduta aceites e consideradas como necessárias para o atingir da ordem social.
O que é a Animação Sociocultural.
Segundo a UNESCO, “A Animação Sociocultural é um conjunto de práticas sociais que têm como finalidade estimular a iniciativa, bem como a participação das comunidades no processo do seu próprio desenvolvimento e na dinâmica global da vida sociopolítica em que estão integrados".
Assim sendo o aparecimento da Animação Sociocultural esteve diretamente relacionado com a revolução industrial e com todas as transformações e mudanças que dai resultaram, tais como a saída dos campos para as cidades, na qual originou o crescimento da população urbana e à desertificação rural provocando grandes alterações no sistema familiar e o sistema social. Desta forma, o incremento do tempo livre foi uma conquista da revolução industrial através do conhecimento da sua importância e da sua inscrição enquanto direito do ser humano e dai a ligação á Animação Sociocultural.
Dai o discurso teórico da Animação Sociocultural é o da cultura, na qual nos remete para uma dimensão cultural.
Etimologicamente, “cultura deriva do verbo latim “colere”, que significa o ato de “cultivar a terra”, como também é o de honrar, render culto, tributo, em especial aos deuses”. (Ander-Egg, sd: 18).
A Animação Sociocultural surgiu para ajudar os indivíduos a adaptarem-se à comunidade e para prevenir e estar atenta a fenómenos de “subre adaptação” na qual provocam a despersonalização, o conformismo, a alienação e a passividade.
Assim, pretende a Animação Sociocultural a transformação da comunidade a partir da dinamização, mobilização e implicação dos indivíduos para atingir o desenvolvimento dessa mesma comunidade. Assim, a Animação Sociocultural colabora para o progresso cultural da sociedade, sejam eles por ordem tradicional, musical, artesanal, entre outras. Trabalhando sempre na comunidade, importante referir que este técnico prefere esta designação do que o conceito sociedade “porque, enquanto intervenção não afeta "toda a sociedade", mas sim grupos ou coletivos inseridos num contexto de uma "comunidade" específica, num território concreto.” (Calvo, 2002, citado por APDASC, 2006).
O animador Sociocultural é um técnico que investiga o seu grupo alvo, de forma a perceber quais são as suas necessidades e atuando sobre as mesmas, no sentido de combater as fraquezas patentes, através da implementação de projetos de intervenção comunitária, sempre com a pretensão de melhorar a qualidade de vida social. Deve integrar equipas multidisciplinares.
As atividades dinamizadas por este técnico podem ser de carácter cultura, desportivo, lúdico, educativo, social, recreativo, comunitário, institucional, entre outros.
Desta forma, a Animação Sociocultural é uma estratégia de intervenção que, trabalhando por um determinado modelo de desenvolvimento comunitário, tem como finalidades promover a participação e dinamização social a partir dos processos de responsabilização dos indivíduos na gestão e direção dos seus próprios recursos, assim, a Animação Sociocultural segundo Trilla, 2002, citado por APDASC, 2006, “ a Animação Sociocultural poderá ser vista como um “antídoto eficaz” contra as patologias de uma sociedade que resultam de ruturas comunicacionais” … “de perda de referências e de todas as garantias sociais que davam a segurança existencial ao indivíduo”.
Assim sendo, a Animação Sociocultural tem três tipos de dimensões, a cultural, a social e a educativa. Já referente á dimensão educativa, é assim inegável que o animador Sócio Cultural insere a sua prática em componentes educativas, tendo uma dimensão educativa apesar de educação e Animação Sociocultural não serem “conceitos equiparáveis por terem extensões semânticas desproporcionalmente desiguais”, segundo (Trilla, 2002, citado por APDASC, 2006).
Assim, o universo educativo é dividido em três áreas, a formal, a não formal e a informal. “É habitual situar a Animação Sociocultural basicamente no sector não formal” (Trilla, 1997: 28, citado por APDASC, 2006). Mais tarde o mesmo autor refere que “ face à inclusão da Animação Sociocultural no âmbito educativo ouve a necessidade de enquadrar a animação nas três áreas, a formal, a não formal e a informal, pelos contextos em que actua e pelas atividades que promove”. Segundo (Trilla, 2002, citado por APDASC, 2006).
Segundo Ander-Egg (1999), “A Animação Sociocultural é uma metodologia participativa, que implica por isso mesmo a participação de todos os envolvidos na intervenção”. Esta teve origem na promoção de atividades de ocupação do tempo livre, corrigir o desenraizamento cultural, promover o diálogo e a aproximação entre gerações e sectores sociais.
Assim sendo, os seus objetivos centram-se na melhoria da qualidade de vida e bem-estar da comunidade e dos seus cidadãos, principalmente dos que se encontram em situação de marginalização, pela sua participação ativa, diminuindo as assimetrias sociais. A nível das transformações sociais, tem como foque alteração de comportamentos, atitudes, valores e mentalidade. Dai dizer-se que esta profissão é um grande desafio na medida em que é difícil lidar com mentalidades, com populações problemáticas.

Qual o perfil de competências do técnico de Educação Social.
O Educador Social, tem como competências, (re) construir saberes, competências e práticas conducentes ao desenvolvimento, educar significa intervir, com uma finalidade, um objetivo concreto e bem delineado, com intenção de provocar algum efeito.
Dai uma educação, como politica socioeducativa é inseparável do progresso social e humano, onde o risco deixa de ser uma ameaça global e passa a ser a razão para a mudança, para o desenvolvimento integral do “EU” e do “Outro”, com o “Outro”, uma resposta de mudança e crescimento pessoal e social.
A educação social assume assim, responsabilidades na formação cívica das pessoas e esta supõe uma diversidade complexa e integrada de aprendizagem.
Cabe ao Educador Social tornar-se assim um terapeuta no e pelo acontecimento quotidiano bem como intervir a nível de competências na mudança de mentalidades e desta forma educar. Educar é em grande parte, levar a pessoa do “ser” ao “dever ser”. Deste modo, tornou-se crucial desenvolver novas metodologias de intervenção como a pedagogia social e a educação social, como crescimento completo de cada pessoa, como membro estratégico de uma sociedade regida pela cooperação e pela solidariedade, mas também pela desigualdade e marginalização social, provocada pelo risco social.
Ser Educador Social é, questionar práticas e refletir sobre o seu próprio papel profissional, ser capaz de se aproximar da pessoa e de lhe conferir um destaque legítimo na construção do seu percurso de vida, valorizando as suas capacidades de aprender a aprender, o seu reportório de experiências.
Educar consiste em procurar influenciar o outro, e influenciar o outro implica transmitir valores, dar uma direção e um sentido à vida convidando à adesão a uma certa visão do mundo” (Adalberto Dias de Carvalho, 2006, p.54).
Cabe ao Educador Social, apadrinhar a pessoa, ajudando-a a interpretar o mundo e a desenvolver formas de relacionamento com outros, assente em princípios de entendimento e respeito pela diferença que caracteriza a individualidade e unicidade inerente à vida.
A educação social assume assim, responsabilidades na formação cívica das pessoas e esta supõe uma diversidade complexa e integrada de aprendizagem.
Os Educadores Sociais são profissionais de intervenção social, que visam restabelecer o bem-estar dos seres humanos, recorrendo a todos os meios suscetíveis de responderem às necessidades e aspirações dos indivíduos e dos grupos, tendo sempre como referencia o respeito pelos direitos humanos e pelos princípios da democracia e da liberdade.
O Educador Social é um profissional que não se limita só a satisfazer as necessidades básicas das pessoas, pois o seu dever é também o de socializar e integrar pessoas em risco de exclusão e marginalização. Este profissional é o mediador entre os indivíduos e a sociedade, articulando e ajudando o indivíduo à sua sociedade.
Enquanto mediador social, o educador terá que criar espaços de mediação, onde se mostre possível criar e desenvolver alternativas que conduzam a um equilíbrio entre o indivíduo e a sua comunidade.
Desta forma faz parte do conteúdo funcional do Educador Social, a ação direta com as pessoas, pautada pelo princípio da educabilidade, permitindo criar um espaço profissional com sentido, logo com futuro, visto serem profissionais de terreno.
Os problemas sociais tais vão fragilizando o Homem, aniquilando os seus horizontes e propósitos futuros. É nesta linha de reflexão que emerge a educação social, como crescimento absoluto de cada pessoa e como membro estratégico de uma sociedade regida pela cooperação e solidariedade, onde a educação é inseparável da evolução social e humana. Adalberto Dias de Carvalho. (2006).
A educação tem de ser vista como um projeto pluricultural, ou seja, aprendizagem de pluralidade, desta forma as transformações sociais que se tem verificado levam a que os limites da educação se tenham modificado.
Como resposta a este fenómeno tem surgido novas formas de trabalho social, novos destinatários e novos agentes educativos.
Assim educar é uma reflexão permanente, uma troca de experiencias, dialogar, e os modelos de educação serão tantos como as culturas existentes.
Desta forma compete ao educador, perceber quais são as necessidades de cada educando, quais os valores culturais e sociais, e com o fim de proporcionar condições de desenvolvimento de competências pessoais e sociais.
Os valores que devem complementar esta combinação de atitudes e competências são a tolerância, a justiça, a igualdade, o respeito pelos outros e a solidariedade.
A tarefa do educador numa sociedade multicultural não é nada mais lógico que aceitar as diferenças culturais como fatores positivos e dai partir para um desenvolvimento equilibrado, igualmente conseguir reconhecer as diferenças culturais dos educandos e encontrar estratégias de adaptação e desenvolvimento que todos respeitem e a todos de incluam.
O educador social é um trabalhador social especializado em intervenções diretas no campo com qualquer faixa etária, um pedagogo, cuja missão é ensinar a vida, um “psicoterapeuta” envolvido na realidade diária do seu educando, um “sociólogo”, colocado muitas vezes na rua e intervindo diretamente com vista à prevenção da delinquência e do consumo das drogas por exemplo.
Segundo (Ginger, 1990), “O educador social é um técnico que intervêm com as famílias e com a sociedade em geral, a sua “especialidade” é não ter nenhuma. A formação polivalente e generalista e a sua experiencia no terreno habilita-o a ser, de certa forma, o “capitão” da equipa de prevenção e intervenção socioeducativa, encarregue do dever de mudar o jogo enquanto coordena uma estratégia de intervenção mais global”.
O educador social faz intervenção socioeducativa e esta intervenção deve ser interdisciplinar. Desta forma o educador social atua ao nível das necessidades socioeducativas, na qual estas necessidades podem ser, sociais, a integração, participação, transformação, dinamismo, mudança, todas centradas no grupo ou na comunidade. Educativas, a nível do desenvolvimento pessoal, mudança de atitudes, responsabilidade, tomada de consciência, motivação, sensibilização, sentido crítico, isto centrado na pessoa.
Assim, as funções do educador social são dar respostas a necessidades e gerar novas necessidades, e objetivos é potencializar os recursos pessoais do cidadão seja qual for a sua situação social e estimular o desenvolvimento e o uso dos recursos comunitários.
A educação social tem assim como objetivos, facilitar o acesso dos cidadãos a esses recursos, facilitar a relação interpessoal entre os membros de um grupo social, facilitar e possibilitar o crescimento pessoal e comunitário do grupo social, facilitar a aquisição de normas de convivência social, ser um agente de mudança e adaptar estratégias de intervenção com a finalidade de combater o desequilíbrio social.
Os educadores sociais têm como âmbito de intervenção em contexto aberto as ruas, bairros e cidades, fechados, escolas, centros de acolhimento, centros educativos, hospitais entre outros, e mistos como as instituições de índole social, cultural e religiosas.
Assim, a educação social surge para dar resposta a novas necessidades educativas que o sistema escolar não pode satisfazer devido ao formalismo e rigidez do sistema educativo. Assim a educação social tem como intervenção, uma intervenção multidisciplinar na qual existem dificuldades em demarcar os limites da intervenção em relação aos outros trabalhadores sociais.
Assim, o educador social é um agente de mudança, que trabalha com pessoas a responsabilização com vista á autonomização, traça objetivos para que as populações alvo possam evoluir enquanto pessoas, desta forma o perfil do educador tem que ter como características fundamentais, incentivar, guiar, orientar, agir, escutar. Tem como ação aprender, partilhar conhecimento e dinamizar, e vai ensinar a ser, a fazer, a conhecer e a viver com os outros.
É assim fundamental que o educador social tenha em conta, os limites da sua intervenção, trabalhar a autonomia, em todos estes processos o educador deverá valorizar e aceitar as diferenças culturais e não uniformizar as medidas aplicadas, não esquecer as diferentes competências e conteúdos funcional de cada técnico que se trabalhe em conjunto, bem como encontrar o espaço de intervenção do educador social.
Nunca esquecer que não existem regras para atuar, para educar e intervir. No entanto, bom senso, humildade e maturidade fazem parte dos traços do educador social. 
A intenção do Educador Social é a promoção das competências do indivíduo e do seu meio envolvente, competências essas que se centram na criação de mecanismos atenuantes e de condições de vida adaptadas à situação, permitindo assim à pessoa viver de forma equilibrada no seu meio com as suas dificuldades e os seus problemas.
A pedagogia da Educação Social,
Educar para o mundo, educar para a vida, educar para as relações, educar para as dificuldades, educar para os sonhos, educar para as transformações, educar para as diversidades, educar para as descobertas, educar para o tempo, educar para as mudanças, educar para o discernimento, educar para o pensar, educar no próximo, o pensar na troca, o pensar em uma sociedade mais justa, mais pedagogia, mais social ….”.
Valdeni Santos

Qual o perfil de competências do técnico Superior de Animação Sociocultural.
O Animação Sociocultural tem como missão a promoção e o desenvolvimento sociocultural de grupos e comunidades, organizando e coordenando o desenvolvimento de atividades facilitadores de animação, quer de carácter cultural, quer educativo, quer social, lúdico e recreativo.
A nível de atividades estuda, integrado em equipas multidisciplinares, o grupo alvo e o seu meio envolvente, diagnosticando e analisando situações de risco e áreas de intervenção sob as quais atuar.
Planeia e implementa em conjunto com a equipa técnica multidisciplinar, projetos de intervenção sociocomunitária.
Planeia e organiza, atividades de carácter educativo, cultural, desportivo, social, lúdico, turístico e recreativo, em contexto institucional, na comunidade ou ao domicílio, tendo em conta o serviço em que está integrado e as necessidades do grupo e dos indivíduos, com vista a melhorar a sua qualidade de vida e a qualidade da sua inserção e interação social.
Promove a interação grupal e social, incentiva, fomenta e estimula as iniciativas dos indivíduos para que organizam e decidam o seu projeto lúdico ou social, dependendo do grupo alvo e dos objetivos da intervenção, fomentando igualmente a interação entre os vários atores sociais da comunidade.
Acompanha as alterações que se verifiquem na situação dos clientes/ utilizadores que afetem o seu bem-estar e atua de forma a ultrapassar possíveis situações de isolamento, solidão entre outros.
Assim, “o animador deve pensar global e agir localmente, defendendo as culturas locais e populares, salvaguardando as identidades regionais, resistindo à globalização nos seus efeitos mais perversos e redutores da riqueza ou pobreza, términos absolutos, da ausência de igualdade de oportunidades. O animador deve ajudar a compreender e a enfrentar um mundo cada vez mais inteligível, descodificando assim, os seus sinais, apetrechando os menos preparados na revolução da sociedade do conhecimento e da informação”. (Tracana, 2006: 13).
O animador tem desta forma um papel libertador, fazendo frente à globalização e favorecendo assim a reprodução social e cultural de cada comunidade.
Cabe ainda ao animador Sociocultural, a nível do seu perfil, reforçar o que é único dentro do que é padronizado pela globalização, para que se atenuem as assimetrias e todos tenham oportunidades dentro da mesma sociedade, tendo ainda a missão de levar os indivíduos a refletir sobre fenómenos e acontecimentos atuais, porque segundo Fragoso, “ a globalização é um fenómeno muitíssimo complexo que está a acontecer e que se relaciona fortemente com o local” (p. 78).
Assim, sendo há uma relação direta entre as mudanças macro e micro, havendo uma influência recíproca.
O animador Sociocultural é o agente que põe em funcionamento e dá continuidade à aplicação dos processos de animação. É um dinamizador de mobilidade social que está ao serviço de uma instituição pública ou privada de carácter administrativo ou associativo e de modo voluntario ou profissional, promove a intervenção sócio cultural na comunidade em que atua.
Segundo Cavalcanti, “O seu trabalho técnico atua apoia-se na relação pessoal com os destinatários, a sua integração no grupo e o de facilitar nele processos de coesão, vivencias ou experiencias e tomar posições ativas sobre o meio em que se realiza a animação” (p. 107).
“Perfil do animador Sociocultural - animar-se, antes de pretender animar qualquer ambiente ou situação, é um grande desafio para o Animador Sociocultural. Entusiasmar-se com a Vida para tornar-se auto confiante do seu papel na sociedade. A tarefa de despertar o Entusiasmo, de criar um ambiente harmonioso, pleno de Vida, começa por ai mesmo. É preciso confiar na Vida, na sua generosidade”.
(Cavalcanti, 2007: 11).
O que diferencia e ao mesmo tempo completa os dois técnicos.
Fala-se muitas vezes de um desconforto relativamente á “sobreposição”, quer de funções e papéis dos trabalhadores nas áreas sociais, de facto existe uma fragilidade tanto dos técnicos como das estruturas da educação social, a singularidade do nosso perfil profissional. Quer os técnicos de educação social quer da animação sociocultural, há de facto uma similitude nos perfis.
Estes dois técnicos compartilham alguns saberes teóricos e práticas, bem como existem as tais diferenças práticas que a principal é sem dúvida os perfis profissionais diferentes, que já referi anteriormente na definição destes dois técnicos, alem das diferenças a nível do ensino académico.
Assim sendo, o Animador Sociocultural tem uma componente mais lúdica e cultural promovendo a dinamização do coletivo e da comunidade para os seus tempos livres, enquanto o Educador Social tem uma componente mais educativa e com uma base mais individual de acordo com o projeto de vida de cada indivíduo, sempre assente numa prática pedagógica e social, onde a minimização de problemas ou necessidades é a grande finalidade deste técnico. Promovendo desta forma, as competências do indivíduo, sejam elas pessoais, sociais e profissionais.
Quanto ao que diferencia os dois técnicos, o Animador Sociocultural assume uma importante função de mediador e facilitador das práticas culturais nos tempos livres, de forma a contribuir para o desenvolvimento cultural de um coletivo, grupo ou comunidade.
O facto do Animador Sociocultural se centrar num coletivo, grupo ou comunidade revela à partida a sua dimensão social, desta forma, é por desenvolver uma ação contextualizada e enraizada em ambos territoriais, quer a nível da “sociedade”, quer a nível da “comunidade”, logo aqui se diferencia dos restantes técnicos de intervenção social.
O Animador Sociocultural promove ainda a intervenção sócio cultural na comunidade em que atua e atenuar as desigualdades, sendo pressupostos e valores que conduzem a objetivos como preparar o indivíduo para viver em sociedade.
Ambos pertencem à esfera da Educação Não formal, este compreende toda a atividade que envolve um currículo e uma atividade organizada e sistemática.
Embora a base educativa esteja presente, a animação, não pode contudo ser confundida com o conceito puro de educação pois, não são conceitos equiparáveis por terem extensões semânticas desproporcionalmente desiguais.
Ambos trabalham o Social mas em perspetivas diferentes, como já referido anteriormente. Enquanto o Animador Sócio Cultural se move numa perspetiva mais coletiva e cultural, o Educador Social promove no indivíduo a mudança e o atingir determinadas competências para se adaptar à sociedade.
O trabalho executado pelos dois técnicos em muito se assemelha, sendo o trabalho de ambos bastante importantes numa equipa multidisciplinar.
Os dois acabam por ter uma componente educativa extensa e a importância é a transmissão dos valores, as questões do saber ser, saber estar, saber fazer, o sentido da responsabilidade e cooperação no grupo.
Quanto a mim para uma melhor compreensão das diferenças entre a educação social, animação sociocultural bem como outras profissões na área do social, é fazer-se uma análise dos currículos dos diferentes cursos, e aqui sim tentar perceber a “lógica educacional”.
Os Educadores Sociais têm um perfil único no sentido das competências pedagógicas, sociais, pessoais e profissionais dos cidadãos com vista a autonomia das pessoas nos seus processos de vida, ou projetos de vida, permitindo-o crescer e aperfeiçoar-se enquanto pessoa e melhorando desta forma a sua qualidade de vida.
A educação está intimamente ligada ao processo de socialização (à transmissão de valores, normas, crenças e comportamentos) e de uma forma mais restrita "o termo educação designa todo ato ou ação intencional, sistemática e metódica que o educador realiza sobre o educando para favorecer o desenvolvimento das qualidades morais, intelectuais ou físicas que toda pessoa possui em estado potencial.
(Ander-Egg, 1999, citado por APDASC, 2006)

Qual a potencialidade do trabalho realizado por estes dois profissionais na intervenção.

A potencialidade do trabalho realizado por estes dois profissionais, quer dos Educadores Sociais, quer dos Animadores Socioculturais, na intervenção é a nível do contexto da intervenção social, ou seja do empowerment na qual é, atualmente, um conceito muito falado no contexto da intervenção social.
O empowerment é complexo, ou seja, o olhar para o umbigo da intervenção social que levamos a cabo e refletir à luz de um modelo que oferece, ao utente, a chave para a mudança.
O empowerment é tanto um valor de orientação no trabalho comunitário como um modelo teórico para compreender os processos e as consequências dos esforços e energias para exercer influência e controlo nas decisões que afetam tanto a vida das pessoas, como o funcionamento organizacional e a qualidade de vida de uma comunidade, ou seja, fundamental como base para o trabalho deste dois técnicos, uma vez que é fundamental uma participação ativa destes técnicos.
John Friedmann (1992), defende que “políticas de desenvolvimento baseadas numa doutrina económica conservadora oferecem poucas perspetivas de uma vida melhor para os excluídos, isto é, para a maioria da população mundial”. Assim, o autor sugere uma abordagem alternativa do desenvolvimento com base na ideia de empowerment.
Na realidade do nosso dia-a-dia, além de trabalharmos para a autonomia das populações alvo na qual intervimos, é feito simultaneamente um trabalho que torna as famílias em agentes ativos no seu processo de mudança, sempre com vista a sua autonomização. Ou seja, que se sinta capacitado para de um modo autónomo ou com os devidos elementos ou instrumentos auxiliares, possa receber no seio familiar os seus educandos.
Para tal, empreendemos junto dos progenitores, ou de outros membros da família um processo de empowerment, isto é:
  « (…) um processo de reconhecimento, criação e utilização dos recursos e de instrumentos pelos indivíduos, grupos ou comunidades em si mesmo e no meio envolvente, que se traduz num acréscimo de poder psicológico, sociocultural, político e económico, que permite a estes sujeitos aumentar a eficácia no exercício da sua cidadania». (Barata: 1998:247).
Pretende-se, mediante uma estratégia de empowerment, exercer uma ação junto da família com a finalidade de aliviar tensões mediante uma tomada de consciência dos intervenientes (reconhecer os limites e as forças em presença).
Receitas mágicas não existem. Mas evolução é possível, dando sempre controlo, para que se sintam ativos e responsáveis na resolução dos seus reais problemas e dentro das competências que demonstram ou possam vir a demonstrar.
AUTORA: Sandra Afonso

Referencias Bibliográficas.
Banks, S., & Nohr, K. (2008). Ética Prática para as Profissoes do Trabalho Social. Porto: Porto Editora.
Capul, M., & Lemay, M. (2003). Da Educação à Intervençao Social (Vol. 1º). Porto: Porto Editora.
Capul, M., & Lemay, M. (2003). Da Educação à Intervenção Social (Vol. 2º). Porto: Porto Editora.
Carvalho, A. D., & Batista, I. (2004). Educação Social Fundamentos e estrategias. Porto: Porto Editora.
Fragoso, A. (15 de Março de 2005). Contributos para o debate Teórico sobre o Desenvolvimento Local: Um Ensaio Baseado em Experiencias Investigativas. (R. Iberoamericana, Ed.) pp. 5, 63-83.
Intervenção Comunitária. (2001). Lisboa: Instituto Superior de Ciencias Educativas.