sábado, 25 de agosto de 2012

A dimensão ética da ação educativa nos Lares de Infância e Juventude


Ética é a análise de uma determinada regra comportamental, ou de uma conduta humana. A ética não cria a moral, porém a moral pressupõe uma série de valores éticos como princípios, normas ou regras do comportamento ou atitudes de natureza emotiva, logo a reflexão moral é a consciência lógica dessa atitude.

Os lares de infância e juventude são lugares que têm imperativamente de ter a capacidade para a promoção do homem, e a sua finalidade é promover o crescimento e a maturidade do educando em todas as suas dimensões.

De acordo com estes objectivos, pretende-se nos lares de infância e juventude, ajudar os educandos a descobrirem e a desenvolverem as suas capacidades físicas, intelectuais e afectivas, e a aceitar as suas próprias qualidades e limitações de promover o desenvolvimento da dimensão social do educando, tendo como base o seu crescimento integral, de desenvolver a sua dimensão ética e transcendente, alargando a nossa acção educativa à área do sentido da existência humana.

Estas três dimensões constituem uma unidade na pessoa humana, que cresce e amadurece através da acção institucional segundo a idade e a situação concreta de cada um. Esta acção implica também os educadores, que, com os educandos e os tutores, participam na caminhada comum de formação contínua.

Neste contexto, é preciso ter-se em conta que o desenvolvimento da pessoa realiza-se numas coordenadas espácio-temporais concretas, e que o acesso à própria realização integral só é possível a partir da inserção do jovem na sua própria geração e na própria sociedade.

Os lares de infância e juventude, tem a responsabilidade de dar relevo à dimensão ética da cultura, com o objectivo de activar o dinamismo espiritual do aluno e ajudá-lo a assumir a liberdade ética, que dimana da liberdade psicológica e simultaneamente a aperfeiçoa.

Por isso, nos lares de infância e juventude assume-se a dimensão ética e transcendente do homem e da humanidade como sendo uma dimensão eminentemente humana e, portanto, como um aspecto que se deve ter em consideração ao promover o crescimento integral do educando.

Nos planos educativos é assim fundamental dar-se importância à dimensão ética e religiosa da pessoa e da cultura, e consideramo-la como a dimensão com maior incidência no processo de crescimento da criança ou do jovem, parte-se do facto do educando ser um ser aberto a um âmbito que lhe é transcendente, e consideramos que este facto o ajuda a descobrir o seu próprio destino e o da humanidade, procura-se que os educandos também se interroguem sobre o problema essencial da própria vida, que acompanha a todo o homem e o ajuda a enfrentar o mistério de sua existência.

Mostra-se também aos alunos que a dimensão transcendente do homem lhe abre horizontes novos para a vivência e para a interpretação da realidade pessoal do homem e do mundo, ajudamo-los a descobrirem que a abertura à transcendência é a base e o fundamento da nossa esperança.

Assim, pois, propomo-nos esclarecer o jovem sobre o mistério do homem e levá-lo a procurar soluções para os principais problemas da nossa época através do conhecimento e da vivência de variadíssimas experiências.

A proposta educativa dos lares de infância e juventude inclui uma referência explícita a alguns valores que enformam todo o conceito de homem.

É fundamental nos lares de infância e juventude, transmitir os seguintes valores, a atitude de aceitação entre educadores, educandos e tutores, recusando toda a discriminação por motivos intelectuais, religiosos, económicos, sociais, entre outros.

Ter atenção especial a todos os educandos, tutores e sectores sociais que sejam objecto de qualquer tipo de marginalização, a gratidão e alegria, sem nos deixarmos abater pelas dificuldades da vida, e educando no sentido da festa, a criatividade e espírito de renovação, fugindo à rotina, à indiferença e ao conformismo, a participação empenhada na tarefa educativa, tornando real e visível a corresponsabilizado de todos os educandos internados.

A consciência do compromisso na construção de um mundo mais humano.

É também fundamental a promoção da liberdade, da justiça, da solidariedade e da paz, como sendo valores que enriquecem a acção educativa e porque a sua promoção e defesa são urgentes na nossa sociedade.

A formação de pessoas livres é um dos objectivos essenciais de toda a educação.

Educar para a dignidade e para esta liberdade, e para isso, é fundamental nos lares de infância e juventude, os educadores sociais de internato terem de actuar como seres livres e respeitadores da liberdade dos outros, de maneira que o seu comportamento seja um estímulo, os alunos terem de aprender a pensar por eles próprios e devem habituar-se a actuar por convicção própria, todos têm de criar um clima de diálogo que promova a sã convivência e a livre expressão sem prejuízos nem receios, também os jovens e os adultos, trabalhando numa sã convivência normal, hão-de aprender a relacionar-se e hão-de preparar-se para viverem juntos e para se complementarem.

A acção educativa tem de promover junto dos educandos maneiras de adquiram gradualmente um conceito claro e autêntico de liberdade, e ajudem a criar um ambiente que eduque em liberdade, a estrutura participativa deve levar os alunos a assumirem responsabilidades de acordo com os respectivos escalões e idades, preparando-os para a aceitação e o exercício de responsabilidades sociais.

A proposta de uma certa escala de valores, o escalonamento de motivações na actuação das pessoas, o uso de um correcto espírito crítico diante de factos e de situações, o exemplo de coerência na vida e na actuação dos educadores, e a oferta de oportunidades para tomar decisões pessoais, são alguns dos meios que hão-de acompanhar sempre a educação na liberdade e para a liberdade.

Quanto à justiça como uma exigência da dignidade e da igualdade entre todos os homens, é a educação para a justiça e a solidariedade como um fruto da nossa opção de serviço ao homem.

Por isso é também fundamental colaborar positivamente na educação para a justiça e a solidariedade, lutando por conseguir uma política educativa que garanta uma real igualdade de oportunidades no acesso à educação e os meios adequados para os alunos que necessitem de uma educação especial.

Tornando normal e fácil a integração no mundo daqueles educandos menos possibilitados a promoção colectiva do meio social em que o internato está inserido.

Valorizando equitativamente o trabalho dos alunos de acordo com as suas possibilidades e com o seu esforço pessoal, evitando os privilégios e as discriminações.

Promovendo a reflexão crítica sobre os actos de injustiça existentes na nossa sociedade, para que os alunos não se deixem manipular nem se tornem cúmplices de injustiça através do silêncio ou da indiferença.

Desenvolvendo a sensibilidade dos alunos para comparticiparem tanto nas preocupações como nas iniciativas e projectos que possam reverter em bem da comunidade, começando pelo meio mais próximo.

Fomentando a solidariedade com os mais pobres e marginalizados, os que estão em dificuldades, os que são vítimas de desigualdades, os que padecem as consequências de uma organização social desequilibrada e injusta, ou seja, aproxima-los de uma realidade real para estes educandos na qual o objectivo é uma maior aceitação.

Levando os educandos aderem que a solidariedade autêntica tem de se traduzir na realização do próprio trabalho feito com generosidade e espírito de serviço, estando abertos à colaboração com todos os que lutem por construir uma sociedade mais humana.

Embora seja um termo bastante amplo, podemos conceituar Ética como uma área do saber à qual corresponde o estudo dos juízos de valor referentes à conduta humana, seja tomando por referência as regras de conduta vigentes numa determinada sociedade, seja tomada de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar. Assim, a Ética em sua acepção mais usual pode ser entendida como relativa à moralidade, como avaliação dos costumes, deveres e modos de proceder dos homens para com os seus semelhantes.

É a partir de dados empíricos experimentados, porém não pode ser medida, aspira a racionalidade, ou seja, consiste em tomar consciência do valor do comportamento humano.

Quanto à dimensão ética da ação educativa nos lares de infância e juventude (LIJ), a relação de liberdade e responsabilidade faz parte de todo o ser humano no qual age moralmente e reflete sobre o seu comportamento, tomando esse pensamento como objeto de reflexão com o fim de esclarecer as suas próprias atitudes e comportamentos.

Os jovens com medidas de internamento predominando, à seguinte e toda a sequência de atividades são impostas por um sistema de regras explícitas por um grupo de profissionais. Assim, nas instituições totais podemos verificar uma divisão distinta, por um lado, um grupo dos internados, por outro, grupo dos controlados e uma pequena equipa de supervisão. Assim, o tempo de permanência na instituição é distinto, os internados são educados para uma conduta ética.

Diariamente o homem depara-se com a necessidade de se questionar sobre elas, e tendo em conta que toma como certo o que realmente é. Pela pressão e a influência da sociedade, das regras e as normas impostas por outros seres pensantes como ele, é muitas vezes induzido para outros valores que segue sem questionar, considerando-os como certos e impossibilitando desde logo qualquer ordem em contrário. O objecto da ética procura definir os princípios pelos quais o Ser Humano deve orientar a sua vida; as normas da Ética não nos são impostas.

Os problemas fundamentais da ética são a necessidade de responder à questão “o que devo fazer”.

O conhecimento Humano trata-se de um processo no qual o pensamento e a experiência estão relacionados, desenvolvendo um movimento de abertura à realidade axiológica, unido a consciência de valores.

O conhecimento moral, onde o indivíduo manifesta juízos de realidade e formula juízos de valor. Requer uma investigação atenta, uma vez que existe a preocupação em analisar os motivos, os meios e os fins que formam os contextos que justificam as ações do Ser Humano.

O conhecimento ético, apresenta-se como uma experiência fundamental que une um sistema de valores, apto a definir o contexto dos fins inesquecíveis da vida do Ser Humano. Este conhecimento capta e valora a realidade, em simultâneo, problematizando os seus dados e linhas de rumo de projeto existencial (durante a sua existência).

Quanto à educação, a Ética na educação tem como objetivo formar indivíduos conscientes dos seus direitos e deveres dentro de uma sociedade.

Cada indivíduo torna-se “pessoa”, numa dada situação concreta, na qual a obrigação moral não pode ser separada da competência, pois cada um tem de agir moralmente, tendo em conta os seus valores éticos.

A Clarificação dos Valores apresenta também algumas dificuldades de concretização, nomeadamente ao nível da realização prática, pois não oferecem meios adequados, para a solução das questões morais colocadas. Estas questões têm um elevado grau de subjetivismo e relativismo moral, existindo assim, uma contradição entre os objetivos do método e uma atuação social correta.

AUTORA: Sandra Afonso

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