quarta-feira, 1 de agosto de 2012

O Educador Social e o Animador Sociocultural. O que é a Educação Social?

O Educador Social e o Animador Sociocultural
O que é a Educação Social.

Historicamente a educação social teve uma conceção sociologista da educação (Durkheim, Natorp, Barth, Kerschenteiner, Dewey, O. Willmann”. (Ernesto Martins. Revista espaço S).
Segundo Ernesto Martins, quando falamos em educação social devemos analisar as características do meio social envolvente ao sujeito a intervir, já que essa educação é uma resposta à realidade social provocada pelo impacto das novas tecnologias (sociedade da informação e da comunicação), da transformação dos meios de sociabilidade tradicionais (familiar, profissional, cultural, valores, desestruturação dos movimentos sociais, entre outros), meios de comunicação social, do consumo, das novas bolsas de pobreza, da exclusão social, da crise do Estado de Bem-estar, entre outros.
Compreendemos desta forma que o conceito de educação social é de difícil precisão e definição, já que varia com a ideologia vigente, o paradigma teórico prático e com as perspetivas profissionais.
Já para Faure (1972, citado por Serrano, 2008) afirma que “a educação, pelo conhecimento que proporciona do ambiente onde se desenvolve, pode ajudar a sociedade a tomar consciência dos seus próprios problemas e que, na condição de dirigir os seus esforços para a formação de Homens completos, comprometidos conscientemente no caminho da sua emancipação coletiva e individual, pode contribuir, em grande medida, para a transformação e humanização das sociedades”. (p.15).
Desta forma, a Educação Social, está condicionada pela sua história, mas parte dela realizada a partir de políticas sociais, próprias da sociedade de bem-estar. Dai a importância do conhecimento de determinados aspetos dessa sociedade.
As ideias de educação social surgiram após o séc. XVIII e no séc. XX na qual surge a emergência da educação social.
As regalias sociais como o ramo para o assistencialismo vão contribuir para o surgimento da educação social. Este será um grande contributo para a justiça social, para melhorar o progresso, atenuar as desigualdades, sendo pressupostos e valores que conduzem a objectivos como preparar o indivíduo para viver em sociedade.
As necessidades humanas surgem de acordo com cada sociedade e época, em que determinado nível de desenvolvimento dos valores e da forma especifica entre o individuo e comunidade.
A partir da segunda guerra mundial é que se configurou e generalizou a forma de organização social com o estado de bem-estar. A Educação Social como disciplina autónoma só começa em meados do séc. XX com a Alemanha a pioneira, Espanha mais cedo anos 80 e em Portugal nos anos 90, assim, para perceber os fatores da Educação Social temos que perceber a sua raiz histórica humana que passou por várias fases até chegar à atual.
Segundo Adalberto Dias de Carvalho e Isabel Batista, “A educação social é, a expressão da responsabilidade da sociedade diante dos problemas humanos que a percorrem e que ela não pode radicar” (p. 11).
Assim sendo, e de acordo com as recomendações da UNESCO, neste novo século cabe à Educação Social promover junto dos sujeitos de todas as idades, a capacidade de apropriação critica do seu presente de modo a poderem tomar decisões sobre um futuro que responda aos interesses, e desejos, pessoalmente construídos segundo uma lógica de solidariedade e justiça.
Segundo Carvalho, “ No contexto de uma sociedade que se deseja educativa, a educação deverá corresponder ao tesouro a descobrir, por todos e por cada um”. (p. 60).
Entende-se assim, que as metas da educação social não são redutíveis a uma pedagogia de urgência.
Desta forma os problemas sociais são reflexões, às quais podemos recorrer ao conceito de educação social, sendo que esta abrange um campo de intervenção num espaço-comunitário, com características diferentes, tanto no âmbito social como no carácter pedagógico.
O educador social estabelece-se intervindo com as mais diversas faixas etárias desde crianças, jovens, adultos e idosos, e nos mais diversificados contextos sociais, culturais, educativos e económicos. A lógica da educação social, impôs-se sobre certos conflitos e interesses não científicos. As distintas realidades sociais exercem um poder, tendo um espaço envolvido.
A educação numa perspetiva teórico prática define-se como uma mesma realidade, na qual as ações deverão ser analisadas e estudantes, na atualidade esta ocupa um espaço próprio e abrange a cultura de cada um, desta forma podemos recorrer a vários métodos para descobrirmos a nossa realidade.
A definição como educadores sociais, é uma realidade completa, determina um espaço na sociedade, transmite valores próprios de uma determinada sociedade, tem ainda, uma influência dos poderes públicos, com fins políticos para a vida social.
O facto é que a aprendizagem ocorre sempre em qualquer lado na qual podemos concluir que tudo é aprendizagem, logo o que varia é o modelo pelo qual essa aprendizagem decorre. Os modelos de Educação dividem-se em três principais grupos, na educaçao formal, na educaçao não-formal e na educaçao informal.
Fazendo alusão a Órtega (1999), o autor refere que há muito mais educação fora do que dentro do sistema escolar e que este deverá procurar sempre o objetivo da educação “ao longo da vida”, devendo assim, a educação social, ajudar a ser e a conviver com os outros.
Para o autor, é necessário que a educação social, se sintetize no contributo para que o indivíduo se integre no meio social á sua volta, tendo assim aptidão para melhorar e transformar.
Por ter um perfil facilitador e de mediador, e principalmente ser um profissional da condição humana, ajusta-se assim de forma bastante qualificada.
O educador social “assume na relação o duplo estatuto de algum que está diretamente implicado e, ao mesmo tempo, impedido de tomar partido ou de dar a solução. Cabe-lhe, sobretudo, escutar e estar atento, criando situações de encontro e de proximidade favoráveis à emergência de respostas pessoais por parte dos educandos, os verdadeiros protagonistas da ação.” (Carvalho, 2004 O Educador como ator e mediador social, p.93, em Educação Social: Fundamentos e Estratégias).
A educação social pode ser definida como um conjunto fundamentado de práticas educativas orientadas para o desenvolvimento da socialização dos indivíduos, com vista a dar resposta adequadas aos seus problemas e necessidades.
A educação social está intimamente ligada a uma função de ajuda educativa a pessoas e grupos que fazem parte da realidade social. É o processo de transformação do indivíduo biológico no indivíduo social através da transmissão e aprendizagem da cultura e da sociedade, é igualmente devido a este processo de socialização que o indivíduo vai adquirindo a capacidade de participação e integração social no grupo em que vive.
A educação social pode ser entendida como a aquisição de competências sociais como por exemplo a pertença a um grupo, pressupõe a valorização dos indivíduos, a intervenção sociocomunitária e um instrumento para a socialização e para a correta inserção social.
A educação social será assim, um conjunto de procedimentos utilizados pelas sociedades mais desenvolvidas com a finalidade que todos os seus membros observem aquelas normas de conduta aceites e consideradas como necessárias para o atingir da ordem social.
O que é a Animação Sociocultural.
Segundo a UNESCO, “A Animação Sociocultural é um conjunto de práticas sociais que têm como finalidade estimular a iniciativa, bem como a participação das comunidades no processo do seu próprio desenvolvimento e na dinâmica global da vida sociopolítica em que estão integrados".
Assim sendo o aparecimento da Animação Sociocultural esteve diretamente relacionado com a revolução industrial e com todas as transformações e mudanças que dai resultaram, tais como a saída dos campos para as cidades, na qual originou o crescimento da população urbana e à desertificação rural provocando grandes alterações no sistema familiar e o sistema social. Desta forma, o incremento do tempo livre foi uma conquista da revolução industrial através do conhecimento da sua importância e da sua inscrição enquanto direito do ser humano e dai a ligação á Animação Sociocultural.
Dai o discurso teórico da Animação Sociocultural é o da cultura, na qual nos remete para uma dimensão cultural.
Etimologicamente, “cultura deriva do verbo latim “colere”, que significa o ato de “cultivar a terra”, como também é o de honrar, render culto, tributo, em especial aos deuses”. (Ander-Egg, sd: 18).
A Animação Sociocultural surgiu para ajudar os indivíduos a adaptarem-se à comunidade e para prevenir e estar atenta a fenómenos de “subre adaptação” na qual provocam a despersonalização, o conformismo, a alienação e a passividade.
Assim, pretende a Animação Sociocultural a transformação da comunidade a partir da dinamização, mobilização e implicação dos indivíduos para atingir o desenvolvimento dessa mesma comunidade. Assim, a Animação Sociocultural colabora para o progresso cultural da sociedade, sejam eles por ordem tradicional, musical, artesanal, entre outras. Trabalhando sempre na comunidade, importante referir que este técnico prefere esta designação do que o conceito sociedade “porque, enquanto intervenção não afeta "toda a sociedade", mas sim grupos ou coletivos inseridos num contexto de uma "comunidade" específica, num território concreto.” (Calvo, 2002, citado por APDASC, 2006).
O animador Sociocultural é um técnico que investiga o seu grupo alvo, de forma a perceber quais são as suas necessidades e atuando sobre as mesmas, no sentido de combater as fraquezas patentes, através da implementação de projetos de intervenção comunitária, sempre com a pretensão de melhorar a qualidade de vida social. Deve integrar equipas multidisciplinares.
As atividades dinamizadas por este técnico podem ser de carácter cultura, desportivo, lúdico, educativo, social, recreativo, comunitário, institucional, entre outros.
Desta forma, a Animação Sociocultural é uma estratégia de intervenção que, trabalhando por um determinado modelo de desenvolvimento comunitário, tem como finalidades promover a participação e dinamização social a partir dos processos de responsabilização dos indivíduos na gestão e direção dos seus próprios recursos, assim, a Animação Sociocultural segundo Trilla, 2002, citado por APDASC, 2006, “ a Animação Sociocultural poderá ser vista como um “antídoto eficaz” contra as patologias de uma sociedade que resultam de ruturas comunicacionais” … “de perda de referências e de todas as garantias sociais que davam a segurança existencial ao indivíduo”.
Assim sendo, a Animação Sociocultural tem três tipos de dimensões, a cultural, a social e a educativa. Já referente á dimensão educativa, é assim inegável que o animador Sócio Cultural insere a sua prática em componentes educativas, tendo uma dimensão educativa apesar de educação e Animação Sociocultural não serem “conceitos equiparáveis por terem extensões semânticas desproporcionalmente desiguais”, segundo (Trilla, 2002, citado por APDASC, 2006).
Assim, o universo educativo é dividido em três áreas, a formal, a não formal e a informal. “É habitual situar a Animação Sociocultural basicamente no sector não formal” (Trilla, 1997: 28, citado por APDASC, 2006). Mais tarde o mesmo autor refere que “ face à inclusão da Animação Sociocultural no âmbito educativo ouve a necessidade de enquadrar a animação nas três áreas, a formal, a não formal e a informal, pelos contextos em que actua e pelas atividades que promove”. Segundo (Trilla, 2002, citado por APDASC, 2006).
Segundo Ander-Egg (1999), “A Animação Sociocultural é uma metodologia participativa, que implica por isso mesmo a participação de todos os envolvidos na intervenção”. Esta teve origem na promoção de atividades de ocupação do tempo livre, corrigir o desenraizamento cultural, promover o diálogo e a aproximação entre gerações e sectores sociais.
Assim sendo, os seus objetivos centram-se na melhoria da qualidade de vida e bem-estar da comunidade e dos seus cidadãos, principalmente dos que se encontram em situação de marginalização, pela sua participação ativa, diminuindo as assimetrias sociais. A nível das transformações sociais, tem como foque alteração de comportamentos, atitudes, valores e mentalidade. Dai dizer-se que esta profissão é um grande desafio na medida em que é difícil lidar com mentalidades, com populações problemáticas.

Qual o perfil de competências do técnico de Educação Social.
O Educador Social, tem como competências, (re) construir saberes, competências e práticas conducentes ao desenvolvimento, educar significa intervir, com uma finalidade, um objetivo concreto e bem delineado, com intenção de provocar algum efeito.
Dai uma educação, como politica socioeducativa é inseparável do progresso social e humano, onde o risco deixa de ser uma ameaça global e passa a ser a razão para a mudança, para o desenvolvimento integral do “EU” e do “Outro”, com o “Outro”, uma resposta de mudança e crescimento pessoal e social.
A educação social assume assim, responsabilidades na formação cívica das pessoas e esta supõe uma diversidade complexa e integrada de aprendizagem.
Cabe ao Educador Social tornar-se assim um terapeuta no e pelo acontecimento quotidiano bem como intervir a nível de competências na mudança de mentalidades e desta forma educar. Educar é em grande parte, levar a pessoa do “ser” ao “dever ser”. Deste modo, tornou-se crucial desenvolver novas metodologias de intervenção como a pedagogia social e a educação social, como crescimento completo de cada pessoa, como membro estratégico de uma sociedade regida pela cooperação e pela solidariedade, mas também pela desigualdade e marginalização social, provocada pelo risco social.
Ser Educador Social é, questionar práticas e refletir sobre o seu próprio papel profissional, ser capaz de se aproximar da pessoa e de lhe conferir um destaque legítimo na construção do seu percurso de vida, valorizando as suas capacidades de aprender a aprender, o seu reportório de experiências.
Educar consiste em procurar influenciar o outro, e influenciar o outro implica transmitir valores, dar uma direção e um sentido à vida convidando à adesão a uma certa visão do mundo” (Adalberto Dias de Carvalho, 2006, p.54).
Cabe ao Educador Social, apadrinhar a pessoa, ajudando-a a interpretar o mundo e a desenvolver formas de relacionamento com outros, assente em princípios de entendimento e respeito pela diferença que caracteriza a individualidade e unicidade inerente à vida.
A educação social assume assim, responsabilidades na formação cívica das pessoas e esta supõe uma diversidade complexa e integrada de aprendizagem.
Os Educadores Sociais são profissionais de intervenção social, que visam restabelecer o bem-estar dos seres humanos, recorrendo a todos os meios suscetíveis de responderem às necessidades e aspirações dos indivíduos e dos grupos, tendo sempre como referencia o respeito pelos direitos humanos e pelos princípios da democracia e da liberdade.
O Educador Social é um profissional que não se limita só a satisfazer as necessidades básicas das pessoas, pois o seu dever é também o de socializar e integrar pessoas em risco de exclusão e marginalização. Este profissional é o mediador entre os indivíduos e a sociedade, articulando e ajudando o indivíduo à sua sociedade.
Enquanto mediador social, o educador terá que criar espaços de mediação, onde se mostre possível criar e desenvolver alternativas que conduzam a um equilíbrio entre o indivíduo e a sua comunidade.
Desta forma faz parte do conteúdo funcional do Educador Social, a ação direta com as pessoas, pautada pelo princípio da educabilidade, permitindo criar um espaço profissional com sentido, logo com futuro, visto serem profissionais de terreno.
Os problemas sociais tais vão fragilizando o Homem, aniquilando os seus horizontes e propósitos futuros. É nesta linha de reflexão que emerge a educação social, como crescimento absoluto de cada pessoa e como membro estratégico de uma sociedade regida pela cooperação e solidariedade, onde a educação é inseparável da evolução social e humana. Adalberto Dias de Carvalho. (2006).
A educação tem de ser vista como um projeto pluricultural, ou seja, aprendizagem de pluralidade, desta forma as transformações sociais que se tem verificado levam a que os limites da educação se tenham modificado.
Como resposta a este fenómeno tem surgido novas formas de trabalho social, novos destinatários e novos agentes educativos.
Assim educar é uma reflexão permanente, uma troca de experiencias, dialogar, e os modelos de educação serão tantos como as culturas existentes.
Desta forma compete ao educador, perceber quais são as necessidades de cada educando, quais os valores culturais e sociais, e com o fim de proporcionar condições de desenvolvimento de competências pessoais e sociais.
Os valores que devem complementar esta combinação de atitudes e competências são a tolerância, a justiça, a igualdade, o respeito pelos outros e a solidariedade.
A tarefa do educador numa sociedade multicultural não é nada mais lógico que aceitar as diferenças culturais como fatores positivos e dai partir para um desenvolvimento equilibrado, igualmente conseguir reconhecer as diferenças culturais dos educandos e encontrar estratégias de adaptação e desenvolvimento que todos respeitem e a todos de incluam.
O educador social é um trabalhador social especializado em intervenções diretas no campo com qualquer faixa etária, um pedagogo, cuja missão é ensinar a vida, um “psicoterapeuta” envolvido na realidade diária do seu educando, um “sociólogo”, colocado muitas vezes na rua e intervindo diretamente com vista à prevenção da delinquência e do consumo das drogas por exemplo.
Segundo (Ginger, 1990), “O educador social é um técnico que intervêm com as famílias e com a sociedade em geral, a sua “especialidade” é não ter nenhuma. A formação polivalente e generalista e a sua experiencia no terreno habilita-o a ser, de certa forma, o “capitão” da equipa de prevenção e intervenção socioeducativa, encarregue do dever de mudar o jogo enquanto coordena uma estratégia de intervenção mais global”.
O educador social faz intervenção socioeducativa e esta intervenção deve ser interdisciplinar. Desta forma o educador social atua ao nível das necessidades socioeducativas, na qual estas necessidades podem ser, sociais, a integração, participação, transformação, dinamismo, mudança, todas centradas no grupo ou na comunidade. Educativas, a nível do desenvolvimento pessoal, mudança de atitudes, responsabilidade, tomada de consciência, motivação, sensibilização, sentido crítico, isto centrado na pessoa.
Assim, as funções do educador social são dar respostas a necessidades e gerar novas necessidades, e objetivos é potencializar os recursos pessoais do cidadão seja qual for a sua situação social e estimular o desenvolvimento e o uso dos recursos comunitários.
A educação social tem assim como objetivos, facilitar o acesso dos cidadãos a esses recursos, facilitar a relação interpessoal entre os membros de um grupo social, facilitar e possibilitar o crescimento pessoal e comunitário do grupo social, facilitar a aquisição de normas de convivência social, ser um agente de mudança e adaptar estratégias de intervenção com a finalidade de combater o desequilíbrio social.
Os educadores sociais têm como âmbito de intervenção em contexto aberto as ruas, bairros e cidades, fechados, escolas, centros de acolhimento, centros educativos, hospitais entre outros, e mistos como as instituições de índole social, cultural e religiosas.
Assim, a educação social surge para dar resposta a novas necessidades educativas que o sistema escolar não pode satisfazer devido ao formalismo e rigidez do sistema educativo. Assim a educação social tem como intervenção, uma intervenção multidisciplinar na qual existem dificuldades em demarcar os limites da intervenção em relação aos outros trabalhadores sociais.
Assim, o educador social é um agente de mudança, que trabalha com pessoas a responsabilização com vista á autonomização, traça objetivos para que as populações alvo possam evoluir enquanto pessoas, desta forma o perfil do educador tem que ter como características fundamentais, incentivar, guiar, orientar, agir, escutar. Tem como ação aprender, partilhar conhecimento e dinamizar, e vai ensinar a ser, a fazer, a conhecer e a viver com os outros.
É assim fundamental que o educador social tenha em conta, os limites da sua intervenção, trabalhar a autonomia, em todos estes processos o educador deverá valorizar e aceitar as diferenças culturais e não uniformizar as medidas aplicadas, não esquecer as diferentes competências e conteúdos funcional de cada técnico que se trabalhe em conjunto, bem como encontrar o espaço de intervenção do educador social.
Nunca esquecer que não existem regras para atuar, para educar e intervir. No entanto, bom senso, humildade e maturidade fazem parte dos traços do educador social. 
A intenção do Educador Social é a promoção das competências do indivíduo e do seu meio envolvente, competências essas que se centram na criação de mecanismos atenuantes e de condições de vida adaptadas à situação, permitindo assim à pessoa viver de forma equilibrada no seu meio com as suas dificuldades e os seus problemas.
A pedagogia da Educação Social,
Educar para o mundo, educar para a vida, educar para as relações, educar para as dificuldades, educar para os sonhos, educar para as transformações, educar para as diversidades, educar para as descobertas, educar para o tempo, educar para as mudanças, educar para o discernimento, educar para o pensar, educar no próximo, o pensar na troca, o pensar em uma sociedade mais justa, mais pedagogia, mais social ….”.
Valdeni Santos

Qual o perfil de competências do técnico Superior de Animação Sociocultural.
O Animação Sociocultural tem como missão a promoção e o desenvolvimento sociocultural de grupos e comunidades, organizando e coordenando o desenvolvimento de atividades facilitadores de animação, quer de carácter cultural, quer educativo, quer social, lúdico e recreativo.
A nível de atividades estuda, integrado em equipas multidisciplinares, o grupo alvo e o seu meio envolvente, diagnosticando e analisando situações de risco e áreas de intervenção sob as quais atuar.
Planeia e implementa em conjunto com a equipa técnica multidisciplinar, projetos de intervenção sociocomunitária.
Planeia e organiza, atividades de carácter educativo, cultural, desportivo, social, lúdico, turístico e recreativo, em contexto institucional, na comunidade ou ao domicílio, tendo em conta o serviço em que está integrado e as necessidades do grupo e dos indivíduos, com vista a melhorar a sua qualidade de vida e a qualidade da sua inserção e interação social.
Promove a interação grupal e social, incentiva, fomenta e estimula as iniciativas dos indivíduos para que organizam e decidam o seu projeto lúdico ou social, dependendo do grupo alvo e dos objetivos da intervenção, fomentando igualmente a interação entre os vários atores sociais da comunidade.
Acompanha as alterações que se verifiquem na situação dos clientes/ utilizadores que afetem o seu bem-estar e atua de forma a ultrapassar possíveis situações de isolamento, solidão entre outros.
Assim, “o animador deve pensar global e agir localmente, defendendo as culturas locais e populares, salvaguardando as identidades regionais, resistindo à globalização nos seus efeitos mais perversos e redutores da riqueza ou pobreza, términos absolutos, da ausência de igualdade de oportunidades. O animador deve ajudar a compreender e a enfrentar um mundo cada vez mais inteligível, descodificando assim, os seus sinais, apetrechando os menos preparados na revolução da sociedade do conhecimento e da informação”. (Tracana, 2006: 13).
O animador tem desta forma um papel libertador, fazendo frente à globalização e favorecendo assim a reprodução social e cultural de cada comunidade.
Cabe ainda ao animador Sociocultural, a nível do seu perfil, reforçar o que é único dentro do que é padronizado pela globalização, para que se atenuem as assimetrias e todos tenham oportunidades dentro da mesma sociedade, tendo ainda a missão de levar os indivíduos a refletir sobre fenómenos e acontecimentos atuais, porque segundo Fragoso, “ a globalização é um fenómeno muitíssimo complexo que está a acontecer e que se relaciona fortemente com o local” (p. 78).
Assim, sendo há uma relação direta entre as mudanças macro e micro, havendo uma influência recíproca.
O animador Sociocultural é o agente que põe em funcionamento e dá continuidade à aplicação dos processos de animação. É um dinamizador de mobilidade social que está ao serviço de uma instituição pública ou privada de carácter administrativo ou associativo e de modo voluntario ou profissional, promove a intervenção sócio cultural na comunidade em que atua.
Segundo Cavalcanti, “O seu trabalho técnico atua apoia-se na relação pessoal com os destinatários, a sua integração no grupo e o de facilitar nele processos de coesão, vivencias ou experiencias e tomar posições ativas sobre o meio em que se realiza a animação” (p. 107).
“Perfil do animador Sociocultural - animar-se, antes de pretender animar qualquer ambiente ou situação, é um grande desafio para o Animador Sociocultural. Entusiasmar-se com a Vida para tornar-se auto confiante do seu papel na sociedade. A tarefa de despertar o Entusiasmo, de criar um ambiente harmonioso, pleno de Vida, começa por ai mesmo. É preciso confiar na Vida, na sua generosidade”.
(Cavalcanti, 2007: 11).
O que diferencia e ao mesmo tempo completa os dois técnicos.
Fala-se muitas vezes de um desconforto relativamente á “sobreposição”, quer de funções e papéis dos trabalhadores nas áreas sociais, de facto existe uma fragilidade tanto dos técnicos como das estruturas da educação social, a singularidade do nosso perfil profissional. Quer os técnicos de educação social quer da animação sociocultural, há de facto uma similitude nos perfis.
Estes dois técnicos compartilham alguns saberes teóricos e práticas, bem como existem as tais diferenças práticas que a principal é sem dúvida os perfis profissionais diferentes, que já referi anteriormente na definição destes dois técnicos, alem das diferenças a nível do ensino académico.
Assim sendo, o Animador Sociocultural tem uma componente mais lúdica e cultural promovendo a dinamização do coletivo e da comunidade para os seus tempos livres, enquanto o Educador Social tem uma componente mais educativa e com uma base mais individual de acordo com o projeto de vida de cada indivíduo, sempre assente numa prática pedagógica e social, onde a minimização de problemas ou necessidades é a grande finalidade deste técnico. Promovendo desta forma, as competências do indivíduo, sejam elas pessoais, sociais e profissionais.
Quanto ao que diferencia os dois técnicos, o Animador Sociocultural assume uma importante função de mediador e facilitador das práticas culturais nos tempos livres, de forma a contribuir para o desenvolvimento cultural de um coletivo, grupo ou comunidade.
O facto do Animador Sociocultural se centrar num coletivo, grupo ou comunidade revela à partida a sua dimensão social, desta forma, é por desenvolver uma ação contextualizada e enraizada em ambos territoriais, quer a nível da “sociedade”, quer a nível da “comunidade”, logo aqui se diferencia dos restantes técnicos de intervenção social.
O Animador Sociocultural promove ainda a intervenção sócio cultural na comunidade em que atua e atenuar as desigualdades, sendo pressupostos e valores que conduzem a objetivos como preparar o indivíduo para viver em sociedade.
Ambos pertencem à esfera da Educação Não formal, este compreende toda a atividade que envolve um currículo e uma atividade organizada e sistemática.
Embora a base educativa esteja presente, a animação, não pode contudo ser confundida com o conceito puro de educação pois, não são conceitos equiparáveis por terem extensões semânticas desproporcionalmente desiguais.
Ambos trabalham o Social mas em perspetivas diferentes, como já referido anteriormente. Enquanto o Animador Sócio Cultural se move numa perspetiva mais coletiva e cultural, o Educador Social promove no indivíduo a mudança e o atingir determinadas competências para se adaptar à sociedade.
O trabalho executado pelos dois técnicos em muito se assemelha, sendo o trabalho de ambos bastante importantes numa equipa multidisciplinar.
Os dois acabam por ter uma componente educativa extensa e a importância é a transmissão dos valores, as questões do saber ser, saber estar, saber fazer, o sentido da responsabilidade e cooperação no grupo.
Quanto a mim para uma melhor compreensão das diferenças entre a educação social, animação sociocultural bem como outras profissões na área do social, é fazer-se uma análise dos currículos dos diferentes cursos, e aqui sim tentar perceber a “lógica educacional”.
Os Educadores Sociais têm um perfil único no sentido das competências pedagógicas, sociais, pessoais e profissionais dos cidadãos com vista a autonomia das pessoas nos seus processos de vida, ou projetos de vida, permitindo-o crescer e aperfeiçoar-se enquanto pessoa e melhorando desta forma a sua qualidade de vida.
A educação está intimamente ligada ao processo de socialização (à transmissão de valores, normas, crenças e comportamentos) e de uma forma mais restrita "o termo educação designa todo ato ou ação intencional, sistemática e metódica que o educador realiza sobre o educando para favorecer o desenvolvimento das qualidades morais, intelectuais ou físicas que toda pessoa possui em estado potencial.
(Ander-Egg, 1999, citado por APDASC, 2006)

Qual a potencialidade do trabalho realizado por estes dois profissionais na intervenção.

A potencialidade do trabalho realizado por estes dois profissionais, quer dos Educadores Sociais, quer dos Animadores Socioculturais, na intervenção é a nível do contexto da intervenção social, ou seja do empowerment na qual é, atualmente, um conceito muito falado no contexto da intervenção social.
O empowerment é complexo, ou seja, o olhar para o umbigo da intervenção social que levamos a cabo e refletir à luz de um modelo que oferece, ao utente, a chave para a mudança.
O empowerment é tanto um valor de orientação no trabalho comunitário como um modelo teórico para compreender os processos e as consequências dos esforços e energias para exercer influência e controlo nas decisões que afetam tanto a vida das pessoas, como o funcionamento organizacional e a qualidade de vida de uma comunidade, ou seja, fundamental como base para o trabalho deste dois técnicos, uma vez que é fundamental uma participação ativa destes técnicos.
John Friedmann (1992), defende que “políticas de desenvolvimento baseadas numa doutrina económica conservadora oferecem poucas perspetivas de uma vida melhor para os excluídos, isto é, para a maioria da população mundial”. Assim, o autor sugere uma abordagem alternativa do desenvolvimento com base na ideia de empowerment.
Na realidade do nosso dia-a-dia, além de trabalharmos para a autonomia das populações alvo na qual intervimos, é feito simultaneamente um trabalho que torna as famílias em agentes ativos no seu processo de mudança, sempre com vista a sua autonomização. Ou seja, que se sinta capacitado para de um modo autónomo ou com os devidos elementos ou instrumentos auxiliares, possa receber no seio familiar os seus educandos.
Para tal, empreendemos junto dos progenitores, ou de outros membros da família um processo de empowerment, isto é:
  « (…) um processo de reconhecimento, criação e utilização dos recursos e de instrumentos pelos indivíduos, grupos ou comunidades em si mesmo e no meio envolvente, que se traduz num acréscimo de poder psicológico, sociocultural, político e económico, que permite a estes sujeitos aumentar a eficácia no exercício da sua cidadania». (Barata: 1998:247).
Pretende-se, mediante uma estratégia de empowerment, exercer uma ação junto da família com a finalidade de aliviar tensões mediante uma tomada de consciência dos intervenientes (reconhecer os limites e as forças em presença).
Receitas mágicas não existem. Mas evolução é possível, dando sempre controlo, para que se sintam ativos e responsáveis na resolução dos seus reais problemas e dentro das competências que demonstram ou possam vir a demonstrar.
AUTORA: Sandra Afonso

Referencias Bibliográficas.
Banks, S., & Nohr, K. (2008). Ética Prática para as Profissoes do Trabalho Social. Porto: Porto Editora.
Capul, M., & Lemay, M. (2003). Da Educação à Intervençao Social (Vol. 1º). Porto: Porto Editora.
Capul, M., & Lemay, M. (2003). Da Educação à Intervenção Social (Vol. 2º). Porto: Porto Editora.
Carvalho, A. D., & Batista, I. (2004). Educação Social Fundamentos e estrategias. Porto: Porto Editora.
Fragoso, A. (15 de Março de 2005). Contributos para o debate Teórico sobre o Desenvolvimento Local: Um Ensaio Baseado em Experiencias Investigativas. (R. Iberoamericana, Ed.) pp. 5, 63-83.
Intervenção Comunitária. (2001). Lisboa: Instituto Superior de Ciencias Educativas.

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