quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Será a criatividade pertinente para a Educação Social e para o/a Educador/a Social? Por Ruben Amorim

Por Ruben Amorim

Será a criatividade pertinente para a Educação Social e para o/a Educador/a Social?


A criatividade é um conceito chave para os desafios de qualquer profissional. Designa-se, atualmente, como uma competência imprescindível para as organizações. Sendo estas compostas por pessoas, recurso manifestamente prioritário, torna-se fundamental entender o conceito e refletir sobre o mesmo, colocando-o ao serviço da nossa melhoria constante enquanto profissionais.

Recorrentemente, gestores de grandes empresas afirmam que a criatividade é mesmo o maior ativo (recurso intangível) que se pode possuir e que se traduz numa enorme vantagem competitiva para as empresas. Tal como afirma Daymon (2000),Creativity is almost universally regarded by both practitioners and scholars as an essential ingredient in the success of organizations”.


Será a criatividade pertinente para a Educação Social e para o/a Educador/a Social?


Comecemos, então, por se definir a criatividade:


Webster’s College Dictionary (1991) define a criatividade como:

“The state or quality of being creative. The ability to create meaningful new forms, interpretations, etc.: originality. The process by which one utilizes creative ability”

(p. 319).


Vulgarmente associamos criatividade à originalidade e à novidade. Ser-se criativo/a implica a criação de novas abordagens e, frequentemente, fazer diferente do habitual.


Kao (1991) sugere que a criatividade pode ser definida por:

“(I)t is a human process leading to a result which is novel (new), useful (solves an existing problem or satisfies an existing need), and understandable (can be reproduced)”

(p. 14).


Este autor inclui o conceito de resolução de problemas perante uma dada necessidade. O processo criativo desenvolve-se, habitualmente, quando nos deparamos com algum desafio (problema) que necessita de ser colmatado.


Sternberg e Lubart (1999) definem a criatividade como:

“the ability to produce work that is both novel (original, unexpected) and appropriate (useful, adaptive concerning task constraints)”.


Esta última definição incorpora a adaptação e a utilidade da criatividade para o nosso quotidiano. Assim, o processo criativo aumenta a sua pertinência quando, perante um dado problema, criamos soluções adequadas e exequíveis.


Sternberg e Lubart incluem, ainda, elementos geralmente associados com a criatividade: o desenvolvimento do pensamento divergente (gerar várias ideias únicas) seguido do pensamento convergente (combinação dessas ideias de modo a alcançar o melhor resultado).


Ainda, segundo Atherton (2010), o pensamento divergente é frequentemente associado com as artes e as humanidades e verificado (testado) pelos testes de criatividade, enquanto o pensamento convergente (resolução dos problemas) é habitualmente verificado em testes de inteligência e associado com as áreas da ciência e tecnologia.


Como conceito, a criatividade pode ser definida de duas formas:

1) como um resultado (outcome) e um processo (process). O resultado criativo é novo e (in)convencional, partindo daquilo que é usualmente aceite.

2) Perspetivar a criatividade como um processo é a sequência das atividades por meio do qual se desenvolve a novidade (Daymon, 2000).


De acordo com o mesmo autor, a criatividade é caraterizada por três conceitos chave:

· (in) convencionalidade

· Autonomia

· Risco.


O que não é convencional traduz-se em novidades, assim como no trabalho do Educador Social se pretende que se arranjem soluções para problemas muito específicos. É fundamental personalizar cada intervenção, pois cada caso é um caso e merece diferentes intervenções.

Para se desenvolver o processo criativo deve existir uma grande autonomia por parte dos criativos/as. Quanto maior for a autonomia, maior poderá ser a probabilidade de se desenvolverem soluções criativas para dados problemas.

A criatividade envolve, frequentemente, alguns riscos. Contudo, é nesta dicotomia entre o conforto e o risco que nasce a criatividade, isto é, as soluções mais criativas e diferenciadas para os problemas existentes.


Os/as TSES, perante as problemáticas sociais e seus desafios profissionais devem aplicar um pensamento divergente, isto é, diagnosticar de modo eficaz os problemas reais e, posteriormente enveredar no pensamento convergente para conseguir resolver os mesmos com o maior êxito possível. Com efeito, terão de recorrer a um processo de criatividade.

É com este recurso inesgotável e inestimável que a Educação Social no nosso país pode desenvolver-se e promover-se, sobretudo pela criatividade se pautar pela novidade e resolução de problemas. Sendo criativos/as estamos a criar oportunidades enquanto profissionais, bem como a conduzir a nossa intervenção a uma melhoria significativa de qualidade.


Abusem da criatividade =)


Papers consultados:

· Daymon, C., (2001), "Cultivating creativity in public relations consultancies: The management and organisation of creative work", Journal of Communication Management, Vol. 5 Iss: 1 pp. 17 – 30.

· Herbig, P. e Jacobs, L., (1996), "Creative problem-solving styles in the USA and Japan", International Marketing Review, Vol. 13 Iss: 2 pp. 63 – 71.

· Schmidt, J., Soper, J. e Facca, T., (2012), “CREATIVITY IN THE ENTREPRENEURSHIP CLASSROOM”, Journal of Entrepreneurship Education, Vol. 15, pp. 123 – 131.

· Sousa, C., Coelho, F., (2011), "From personal values to creativity: evidence from frontline service employees", European Journal of Marketing, Vol. 45 Iss: 7 pp. 1029 – 1050.

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