Educação
social, envelhecimento e empreendedorismo - por: Rúben Amorim
Começo
por fazer apelo para que se recordem do desafio que vos coloquei no I Encontro
de Educadores Sociais – Casa Pia – Lisboa, a realização de pequenos exercícios
de actividade física.
O
desafio consistia em romper com os paradigmas de comunicações neste tipo de
eventos. Pois bem, esta situação não foi provocada em vão. O objectivo foi
metaforizar em dois sentidos: 1) a energia,
a dinâmica, a proactividade, a vivacidade e a criatividade que a Educação
Social merece e precisa no nosso Portugal e 2) mostrar aos(às) colegas
Técnicos(as) Superiores de Educação Social que os meus dias de trabalho, junto
de pessoas idosas, começa bem cedo com actividade física, com acção e intervenção no terreno, com
alegria e com vontade por parte dos residentes da Organização onde laboro.
Na
minha opinião a Educação Social necessita de reforçar a sua imagem de união que
se traduz numa troca de aprendizagens e experiências constante.
Concomitantemente, é fundamental que todos os(as) Educadores(as) Sociais se
relacionem com horizontalidade, onde não existe o título de Dr. Ou Mestre, mas
sim o termo colega, pois é disso que se trata. Esta cultura que vigora no nosso
país contribui, na minha opinião, para o afastamento entre as pessoas.
Devem
ser criadas iniciativas e eventos onde as pessoas possam experimentar as
situações e não sejam meros agentes passivos na absorção da informação. Pelo
contrário, devem ser os próprios a produzir informação. Assim, deve ser realizada
uma aposta na diferenciação entre as profissões sociais, onde os(as)
Educadores(as) Sociais tenham uma posição inovadora e consigam definir a sua
intervenção, sem que para isso seja necessário recorrer a outras profissões,
como é o caso dos Técnicos de Serviço Social. A Educação Social tem de
construir a sua identidade no terreno e não no papel. Não descuro o aspecto
teórico, pois sem esse não existiria o nosso curso, mas a teoria existe porque
existe a Educação Social que é fruto de
experiências e de relações.
Nesta
perspectiva, este I Encontro de Educadores Sociais é uma iniciativa que muito
orgulha os(as) Educadores(as) Sociais, pois
é no contacto entre pessoas que fazemos crescer a Educação Social.
No
âmbito do envelhecimento estou certo que o(a) Educador(a) Social tem um papel
premente. Todavia, o(a) técnico(a) que idealizo é alguém que vai para o
terreno, ouve as necessidades e expectativas das pessoas idosas e contribui
para a melhoria da qualidade de vida destas pessoas. Costumo afirmar que o(a) melhor Educador(a) Social não é aquele(a) que
desenvolve actividades brilhantes, mas sim aquele(a) que recebe propostas de
actividades brilhantes e que vai ao encontro dos interesses das pessoas
idosas de forma individualizada e personalizada.
Actualmente
os casos inerentes ao envelhecimento não são os mais positivos, basta recorrer
às últimas notícias onde vários idosos são abandonados e entregues à solidão,
acabando por partir sós, sem apoio e dignidade. Eu acredito que o(a)
Educador(a) Social não pode baixar os braços. Deve ser inovador e criativo,
solucionando todas estas problemáticas. É dever inerente à função do(a)
Educador(a) Social fazer entender o poder político, bem como a sociedade em
geral que a área social não pode ser esquecida.
Relativamente
à minha curta experiência apenas gostaria de salientar que o conceito chave da
minha intervenção é a CRIATIVIDADE. A escassez de recursos actuais, bem como a
sua racionalização imprescindível (ambientais) fazem com que sejamos mais
criativos. Para ser inovador basta acrescentar mais-valias aos processos e não
é necessariamente fundamental que se criem novos produtos ou serviços. É
pertinente que dediquemos a atenção necessária às pessoas idosas e que sejamos
diferentes na intervenção, que proporcionemos experiências diferentes, sempre
com respeito pelos seus valores e interesses.
Contudo,
a importância reside na criação de novos projectos, novas abordagens de
intervenção, pois o que é ser idoso hoje não o é ser amanhã. De modo a aumentar
a nossa motivação no trabalho com pessoas idosas basta pensar que ao contribuir
para a sua melhoria da qualidade de vida, encontramo-nos a contribuir para a
nossa defesa enquanto futuros idosos, com quase toda a certeza envolvidos por
problemas diferentes.
O
último conceito do tema inerente à minha comunicação é o empreendedorismo. A
maior parte de nós já pensou em criar um negócio, no entanto, vamos adiando e
ao mesmo tempo vamos verificando que as nossas ideias vão sendo colocadas em
prática por outras pessoas. Esta hesitação subjaz da educação que temos em
Portugal. Somos quase formatados para trabalhar por conta de outrem e não nos
mostram o outro caminho, o caminho da criação do próprio emprego.
Existe
essencialmente três tipos de empreendedorismo, o individual, o corporativo ou
intraempreendedorismo, e o social. Penso que os(as) Técnicos(as) Superiores de
Educação Social podem arriscar em qualquer um deles, de modo a terminar com
pessoas sem sensibilidade social que investem e se tornam mentores de projectos
sociais. Aqui eu questiono: Porque não
os(as) Educadores(as) Sociais a criar estes negócios? Seria até uma forma
de nos diferenciarmos, de demonstrar
que temos competências mais além do que as pessoas identificam.
É necessário
que sejamos autenticamente idiotas, pois temos que reunir muitas ideias,
seleccionando, por fim, a que melhor se adapta às necessidades do mercado .
Depois só temos que desenvolver o nosso conceito de negócio e criar os nossos
produtos e/ou serviços.
De
modo a reflectirmos um pouco deixo as seguintes questões retóricas:
Será que todos nós contribuímos para o
crescimento da Educação Social em Portugal?
Porque são outros profissionais a criar
negócios na área social?
Podem Técnicos(as) Superiores de
Educação Social ser empreendedores?
Peço
então a todos(as) os(as) colegas que Partilhem experiências, partilhem
aprendizagens, unam-se para a contribuição da excelência na Educação Social…
Relativamente ao caos do desemprego, lembrem-se que a
era da empregabilidade foi ultrapassada e agora vive-se a era da trabalhabilidade.
Este é um novo desafio, onde eu já não posso dizer que procuro emprego, mas sim
que procuro trabalho.
Reúnam
o máximo de competências possível,
pois o futuro do mercado de trabalho é cada vez mais instável. Nunca se
esqueçam que podem trabalhar fora da área, mas não deixam de ser Educadores(as)
Sociais.
Coloco-me ao vosso inteiro dispor de modo a
partilhar experiências e aprendizagens, pois estou certo que a frase: “o
segredo é a alma do negócio” terminou e acredito que este é o caminho para o
desenvolvimento e afirmação da Educação Social no nosso país.
Um
abraço do vosso colega Ruben Amorim
Nota Biográfica: Ruben Amorim
Desde
muito jovem iniciou a actividade desportiva num clube da sua região, Fiães
Sport Clube, e aos 14 anos ingressa no Boavista Futebol Clube, tendo sido
capitão de equipa e também da Selecção do Distrito do Aveiro e Porto.
Apesar
do seu interesse pelo desporto decidiu alterar a sua actividade em 2005,
tornando-se colaborador na empresa Hugo-Anima (organização e animação de
eventos) até ao momento, realizando cerca de 500 animações, melhorando as suas
competências de comunicação, relacionamento interpessoal e trabalho em equipa.
Em
2006, aos 20 anos, ingressa no Ensino Superior frequentando a licenciatura em
Educação Social na Escola Superior de Educação de Viseu, concluindo a mesma
três anos depois 2009.
Durante
a licenciatura foi voluntário no Hospital S. Teotónio e Instituto das Drogas e
Toxicodependências (IDT). Paralelamente, foi presidente da Associação de
Estudantes da sua escola, adquirindo competências na área da gestão e
liderança.
Finda
a licenciatura realizou um Estágio Profissional na Empresa Humildasus
(residência para idosos) acabando por permanecer na empresa até ao momento,
desenvolvendo o cargo de Técnico Superior de Educação Social e
Director
Técnico. Concomitantemente é formador e desenvolve vários Workshops na área do
Envelhecimento.
Encontra-se,
neste momento, a frequentar o 2º ciclo de estudos em Empreendedorismo e Criação
de Empresas na Universidade da Beira Interior (UBI), tendo em mente projectos
na área do empreendedorismo.
AUTOR: Ruben Amorim
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