segunda-feira, 8 de outubro de 2012

O percurso de aluno a educador


O percurso de aluno a educador

 

·         Fui aluno interno da Casa Pia de Lisboa entre 1992 a 2001, no Colégio de Pina Manique. Depois iniciei funções como Monitor de internato até 2006 e ao mesmo tempo tirava a minha Licenciatura em Educação Social. Depois de terminar a Licenciatura iniciei funções como Educador no Colégio de Santa Catarina.

 

·         Para resumir a minha passagem como aluno interno da Casa Pia, começo por citar a frase de um ex-aluno.

“A Casa Pia deu-me aquilo de que eu precisava. Eu vinha de uma família desfavorecida e a Casa Pia deu-me estudos. Dentro das instalações da instituição eu até tinha uma boa vida, era respeitado pelos educadores e até bem acolhido. Se calhar não era o afecto de que as crianças precisam dos pais, mas era o possível”

Bernardo Teixeira, (ex-aluno da Casa Pia)

 

De um modo geral, a Casa Pia era isto, uma enorme instituição com todos e mais alguns recursos, com uma oferta educativa diversificada e atractiva. Mas para um aluno que passava semanas dentro da instituição isto não chegava, era necessário algo mais, como afecto e carinho, e isso só os nossos pais nos poderiam dar.

 

·         Todos nós aprendemos que a autonomia de uma criança deve ser trabalhada desde o dia em que ela é acolhida até ao dia da sua desvinculação total.

A falta de treino das competências sociais, a ausência de um projecto de vida para cada aluno, isto mais tarde veio ter um grande peso na minha vida depois de ter sido aluno interno, a falta de autonomia, gestos simples como apanhar um autocarro, pedir uma informação, fazer compras numa mercearia, eram complicados de executar, pois durante os 9 anos que estive na instituição não houve esse treino.

Mas no final deste percurso como aluno, tenho de estar grato a Casa Pia de Lisboa por tudo, ela, deu-me a oportunidade de tirar dois cursos profissionais, de aprender música, de ser atleta federado de Futebol, de Hóquei em Campo e de ser treinador de Hóquei em campo.

 

·         Depois de ter estado 9 anos como aluno, fui convidado pela instituição para ser monitor de internato, onde estive durante 5 anos, enquanto tirava a minha Licenciatura em Educação Social.

Enquanto Monitor, durante os 2 primeiros anos era responsável pelos alunos durante o período das 23h até as 7h, mais tarde passei a colaborar com os Educadores no período diurno.

 

·         Quando terminei a minha Licenciatura fui convidado para ser Educador na Casa Pia, num lar de crianças e jovens do Colégio de Santa Catarina. Foi a minha primeira experiencia enquanto Técnico Superior de Educação Social, onde estive durante um ano, depois trabalhei durante 7 meses numa Equipa do Rendimento Social de Inserção, depois no Lar Santo António - Santa Casa Misericórdia de Lisboa, Casa de Transição - Projecto Oportunidades – Santa Casa Misericórdia de Lisboa e Centro de Acolhimento e Observação Temporária – CAOT dos Plátanos – Santa Casa Misericórdia de Lisboa.

A mensagem que deixo e que fui aprendendo, ao longo de todo o meu percurso como aluno e como Técnico Superior de Educação é que quando trabalhamos num contexto com crianças e jovens,  

 

 

Em 2006 ficavam em média oito anos, actualmente ficam cinco, mas o objectivo é que o tempo de institucionalização baixe para dois anos

 

Treze anos depois da sua fundação, em 1793, a Casa Pia de Lisboa, de humilde recolhimento de crianças órfãs e abandonadas, tinha-se transformado numa grande Instituição de Solidariedade Social, uma escola moderna, com mais de um milhar de alunos.

 

António Aurélio da Costa Ferreira foi pioneiro da psicologia do desenvolvimento e da psicologia escolar na Casa Pia, defendendo a prévia detecção das aptidões de cada aluno, numa antecipação daquilo que viria a ser a orientação vocacional e profissional. Recusava-se a aceitar uma Casa Pia que fosse “um internato monstro, meio convento e meia caserna” apostando também na integração precoce dos jovens alunos na vida activa.
AUTOR: Mário André

Sem comentários:

Enviar um comentário