O percurso de aluno a educador
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Fui aluno
interno da Casa Pia de Lisboa entre 1992 a 2001, no Colégio de Pina Manique.
Depois iniciei funções como Monitor de internato até 2006 e ao mesmo tempo
tirava a minha Licenciatura em Educação Social. Depois de terminar a
Licenciatura iniciei funções como Educador no Colégio de Santa Catarina.
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Para
resumir a minha passagem como aluno interno da Casa Pia, começo por citar a
frase de um ex-aluno.
“A
Casa Pia deu-me aquilo de que eu precisava. Eu vinha de uma família
desfavorecida e a Casa Pia deu-me estudos. Dentro das instalações da
instituição eu até tinha uma boa vida, era respeitado pelos educadores e até
bem acolhido. Se calhar não era o afecto de que as crianças precisam dos pais,
mas era o possível”
Bernardo Teixeira, (ex-aluno da Casa Pia)
De um modo geral, a Casa Pia era isto, uma
enorme instituição com todos e mais alguns recursos, com uma oferta educativa
diversificada e atractiva. Mas para um aluno que passava semanas dentro da
instituição isto não chegava, era necessário algo mais, como afecto e carinho,
e isso só os nossos pais nos poderiam dar.
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Todos nós
aprendemos que a autonomia de uma criança deve ser trabalhada desde o dia em
que ela é acolhida até ao dia da sua desvinculação total.
A falta de treino das competências sociais,
a ausência de um projecto de vida para cada aluno, isto mais tarde veio ter um
grande peso na minha vida depois de ter sido aluno interno, a falta de
autonomia, gestos simples como apanhar um autocarro, pedir uma informação,
fazer compras numa mercearia, eram complicados de executar, pois durante os 9
anos que estive na instituição não houve esse treino.
Mas no final deste percurso como aluno,
tenho de estar grato a Casa Pia de Lisboa por tudo, ela, deu-me a oportunidade
de tirar dois cursos profissionais, de aprender música, de ser atleta federado
de Futebol, de Hóquei em Campo e de ser treinador de Hóquei em campo.
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Depois de
ter estado 9 anos como aluno, fui convidado pela instituição para ser monitor
de internato, onde estive durante 5 anos, enquanto tirava a minha Licenciatura
em Educação Social.
Enquanto Monitor, durante os 2 primeiros
anos era responsável pelos alunos durante o período das 23h até as 7h, mais
tarde passei a colaborar com os Educadores no período diurno.
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Quando
terminei a minha Licenciatura fui convidado para ser Educador na Casa Pia, num
lar de crianças e jovens do Colégio de Santa Catarina. Foi a minha primeira
experiencia enquanto Técnico Superior de Educação Social, onde estive durante
um ano, depois trabalhei durante 7 meses numa Equipa do Rendimento Social de
Inserção, depois no Lar Santo António - Santa Casa Misericórdia de Lisboa, Casa
de Transição - Projecto Oportunidades – Santa Casa Misericórdia de Lisboa e
Centro de Acolhimento e Observação Temporária – CAOT dos Plátanos – Santa Casa
Misericórdia de Lisboa.
A mensagem que deixo e que fui aprendendo,
ao longo de todo o meu percurso como aluno e como Técnico Superior de Educação
é que quando trabalhamos num contexto com crianças e jovens,
Em 2006 ficavam em média
oito anos, actualmente ficam cinco, mas o objectivo é que o tempo de
institucionalização baixe para dois anos
Treze anos depois da sua
fundação, em 1793, a Casa Pia de Lisboa, de humilde recolhimento de crianças
órfãs e abandonadas, tinha-se transformado numa grande Instituição de
Solidariedade Social, uma escola moderna, com mais de um milhar de alunos.
António Aurélio da Costa
Ferreira foi pioneiro da psicologia do desenvolvimento e da psicologia escolar
na Casa Pia, defendendo a prévia detecção das aptidões de cada aluno, numa
antecipação daquilo que viria a ser a orientação vocacional e profissional.
Recusava-se a aceitar uma Casa Pia que fosse “um internato monstro, meio
convento e meia caserna” apostando também na integração precoce dos jovens
alunos na vida activa.
AUTOR: Mário André
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