sexta-feira, 12 de outubro de 2012

“O estigma da exclusão social, educação, poder e a utopia da inclusão de: Maria Gabriela Lopes”.

O estigma da exclusão social, educação, poder e a utopia da inclusão de: Maria Gabriela Lopes”.

O texto de Maria Gabriela Lopes, clarificam-nos quanto aos acontecimentos do Séc. XVIII, no qual a autora refere que, foram motivo de defesa pelos burgueses e filósofos, a liberdade e a igualdade entre a população, população esta que era vitima de diversas formas de exclusão, agressões físicas e psíquicas, nunca sendo respeitadas. Não estando assim salvaguardadas pelo respeito, dignidade e exigências naturais da condição humana. Por estes motivos surgiram então as revoluções burguesas (Séc. XVII e Séc. XVIII), apoiadas pelo povo.
A utopia de “igualdade para todos”, não passou disso mesmo, refere a autora. Libertou-se o Homem, mas não se criaram condições dignas para que pudesse ser realmente um ser humano livre. A autora refere ainda que se acentuaram mais, as desigualdades sociais e o estigma de ser pobre passa de pais para filhos, culpando-os da própria exclusão. Isto devido á revolução industrial e aos constantes avanços da ciência e tecnologias.
As guerras do Séc. XX tiveram por porções de depravação moral para o ser humano, determinando a necessidade de criar a Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948, em que o primeiro artigo refere que, todos sem excepção, tem o direito de nascer livres, numa igualdade de dignidade e direitos, com o compromisso de respeito pela dignidade dos seres humanos e dos valores fundamentais que são de toda a humanidade.
A autora faz menção, a um problema que diz merecer especial atenção, que é o facto da existência de jovens que já nascem excluídos e que, muito provavelmente, jamais poderão superar a situação e o estigma da exclusão.
Juntando-se a estes excluídos tradicionais os novos excluídos, os imigrantes, fruto da globalização, a autora refere ainda, que estudos realizados mostram que a grande maioria de jovens sem diploma e sem qualquer tipo de qualificações profissionais, ou são de grupos sociais desfavorecidos, ou tem empregos precários de baixos salários.
Segundo Giddens (2000), a sociologia tem conduzido a investigações que mostram que crianças oriundas de grupos sociais mais desfavorecidos tem maior probabilidade de continuar no ensino a tempo inteiro, do que as de grupos mais favorecidos. Esta permanência deve-se segundo a autora à situação de nítida exclusão social, uma vez que grande parte das minorias étnicas permanecem assim no ensino ate ao limite máximo, dada a dificuldade em encontrar um emprego, e dai surge o conceito de reprodução de Bourdieu (2000), em que as escolas, conjuntamente com outras instituições sociais, contribuem para perpetuar as desigualdades sociais e económicas ao longo das gerações, uma vez que as escolas determinam e influenciam a aprendizagem de valores, atitudes e hábitos, através do currículo oculto.
A autora explica então que os jovens ao longo da sua vida escolar, percebem as suas limitações e que nunca vão estar inseridos na sociedade, uma vez que adquirem comportamentos desviantes, resultado da revolta por serem excluídos. Existe um crescente grupo de jovens com comportamentos de risco, por falta de normas e valores morais, vivem em bairros sociais.
Estes jovens aprendem a viver em gangs de rua, onde o grupo de pares prevalece acima de tudo, regendo-se pelas próprias leis, utilizando uma linguagem muito própria que so a eles pertence.
Os programas sociais e educativos optaram pela palavra de raiz francesa “iletrisme”, uma vez que a palavra analfabeto (analphabéte), é depreciativa e esta associada a (bète), besta, animal e idiota.
O “iletrisme” (Lahire, 1999), está de facto ligado á pobreza, imigração, fracasso escolar, minorias étnicas, dando continuidade á exclusão social, excluídos apesar de saberem ler e escrever com os custos da própria identidade e cultura do seu pais, não sabem expressar-se, compreender a sociedade que os rejeita. Fazendo alusão a Habermas a autora, refere a sociologia como sendo a única resposta ao combate desta problemática, visto ser a ciência social que mantem de perto uma relação com os problemas da sociedade.
A autora critica e rótula, as formas de rejeição social uma vez que vai contra a «realidade socialmente aceite», explica então que a temática do desvio, ergue-se á volta do conceito de anomia no sentido Durkheimiano no qual  define, citando (Giddens, 2000), “sentimento de ausência de objectivos ou de inutilidade provocado por certas condições sociais”.
O comportamento desviante assume transgressões das normas e valores normativos. A forma como estes comportamentos são punidos, varia de cultura, pois o que é aceitável numa cultura na outra já é castigado. O desvio é o produto de um juízo feito sobre condutas ou maneiras de ser (Boudon, 1995).
A autora refere da mesma forma que fala de exclusão, fala de inclusão, uma vez que é um conceito amplo, complexo e multidimensional visto abranger a intervenção nas áreas da saúde, habitação, emprego, etc., tem de ser feita de forma sistemática comum a todos. Temos de trabalhar todos num só sentido, integrando a todos os níveis o indivíduo, independentemente da sua religião, etnia ou situação económica.
Compete aos governantes e ás sociedades, para a autora, adquirir uma solução para este problema de desigualdades de direito. É urgente mudar mentalidades arcaicas cuja cultura ainda predominam, refere.
É impreterível que a sociedade e autarquias assim como políticas se moldem e se unam para atingir o objectivo comum da constituição de uma sociedade, unificada pela inclusão.
Uma das mais importantes instituições internacionais a O.C.O.E., reconhece que a educação desempenha um papel fundamental para o crescimento do ser humano. Para a autora é urgente uma “redistribuição de possibilidades”, e explica segundo Giddens (2000), “o investimento em educação é um imperativo comum como base essencial”, “a necessidade de melhores qualificações educacionais e de treinamento em habilidades é evidente na maioria dos países industrializados, particularmente ao que diz respeito aos gruposmais desfavorecidos”.
Contudo deve-se investir no trabalho, sublinha a autora, uma vez que proporciona um sentido de estabilidade e sentido na vida e cria riqueza para a sociedade em geral.
Para a autora, o combate á pobreza requerem, uma injecção de recursos económicos, iniciativas de formação, formações ao nível da qualidade de emprego, assistência á saúde, assistência á infância e á educação. Assim através dos Direitos Humanos, os excluídos vão adquirindo consciência dos direitos que não tem e desta forma começarem a lutar por eles.
Por nos encontrarmos numa sociedade cada vez mais competitiva e transformada, quer a nível científico como tecnológico, a educação e a formação são dois factores cada vez mais reivindicados. Perante esta utopia de uma sociedade mais evoluída e competitiva, B. Sousa Santos (2000), afirma que está longe desta se concretizar pois está entre a veracidade e o que é impraticável.
A autora faz também referência a Tavares (2000), para interpretar a ideia da urgência em traçar novos caminhos para a realização do ser humano na sociedade. A utopia é essencial á nossa existência, isto considerada no sentido positivo, refere a autora, uma vez que a sociedade não se pode projectar no futuro, e assim pensar em novas formas de realizações do ser humano na sociedade e manter aberta a sociedade e a historia a outras fornas de discurso, a narrativas, desta forma a autora afirma que urge-se em pensar em novas formas de relações sociais e em estratégias politicas adequadas que tenham em vista a diminuição das assimetrias e de todas as formas de exclusão social.
Enquanto a educação para a tolerância não for incorporada, não teremos uma sociedade democrática e igual. Esta ideia de pais ideal, organizado de forma a proporcionar a felicidade na sociedade, pode estar ao nosso alcance, se insistirmos.
A educação para a tolerância, paz e contra as guerras tem se ser agregada em cada um dos indivíduos, se não nunca subsistirá uma sociedade demovratica nem semelhante. Para tal existir, basta que haja uma união entre todos, e insistir sempre pelo que se ambiciona.
Como diria Luther King, “I have a dream”, estas são também as palavras de Maria Gabriela Lopes.



LOPES, M. G., O estigma da exclusão social, educação, poder e a utopia da inclusão, Actas dos Ateliers do V Congresso Português de Sociologia, Sociedades Contemporâneas: Reflexividade e Acção; Atelier; Exclusões.


A autora neste texto exprime a sua ideia sobre a problemática da exclusão social, Maria Gabriela Lopes, defende assim o direito á igualdade e a liberdade para todos. Este tema bem como o texto são abordados de uma forma clara e explícita.
A autora, faz uma breve introdução ás guerras travadas ao longo dos séculos contra a exclusão social, sem qualquer sucesso, mesmo tendo sido criada a Declaração dos Direitos Humanos, em (1948).
Durante todo o texto é visível o desconforto que esta autora sente sobre a problemática referida, assinalando esta como oriunda de um problema político e social, tendo como objectivo manifestar a sua revolta contra o sistema de ensino, político e social.
É relatado também neste texto a discriminação existente, relativamente, aos jovens de hoje em dia e ao facto de se agruparem em gangs, mas esta é a forma de eles se sentirem úteis na suposta sociedade onde se inserem regendo-se por leis próprias.
A autora defende assim que é urgente que exista uma democracia correcta mas também defende que não existe um meio termo para isso acontecer. Ou seja que existe na sociedade uma grande diferença, ou se é rico ou se é pobre, quem também defende estas teorias é Boaventura, quando escreve sobre “o futuro da democracia”.
A autora refere diversos autores, ao longo do texto, mas tendo em conta a diferença dos tempos, adequando ligações cuidadas entre os tempos de hoje e os séculos passados, e de referir que a inclusão social e a imprescindível necessidade de acreditar nesta utopia, infelizmente continua a meu ver nos tempos de hoje, um tema e problemática actual. Por isso acredito e concordo com a autora quando refere que é urgente mudar mentalidades, abrir horizontes para que possamos acreditar e viver num mundo melhor.
Os governos e a sociedade precisam de agir em conformidade para travar este pesadelo que é a exclusão social. Todos tem direito á educação, á saúde, a ter condições de habitabilidade, segurança e conforto, mas acima de tudo todos tem direito ao respeito.
A beira de um novo milénio, como é possível que ainda se façam distinções entre etnias, pobreza, imigração?
As pessoas são diferentes por causa da diversidade das tradições locais em que elas crescem e amadurecem.
Uma das mais imediatas e aparentes manifestações da exclusão social nas
Sociedades da modernidade tardia foram o surgimento de uma cidadania de segunda classe – conceito benevolente e fenómeno que é, inclusive, demonstrado e exacerbado se se focaliza no sistema de justiça criminal, altamente selectivo, ao concentrar uma desproporcionada
presença de imigrantes e pobres.  (Young, 2000).




 Referência Bibliográfica

COSTA, Alfredo Bruto da. (2001).Exclusões Sociais, Lisboa: Cadernos Democráticos.
DURKHEIM, Emile.(1980). As Regras do Método Sociológico, Lisboa: Editorial Presença
GIDDENS, Anthony. (2000) Sociologia, Lisboa. Calouste Gulbenkian.
SOUSA, Gonçalo de V. (2000) Metodologia da Investigação, Redacção e Apresentação de Trabalhos.
XIBERRAS, Martine (1996). As Teorias da Exclusão. Lisboa: Instituto Piaget.
AUTORA: Sandra Afonso
sandra.a.granjo@gmail.com

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